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Candidato a vice de Macri quer dinamitar as favelas!

"Tem que fazer tudo voar pelos ares!"
publicado 05/10/2019
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Pichetto (E) e Macri (D), "juntos por el cambio"... (Reprodução: Twitter/@MiguelPichetto)

Miguel Ángel Pichetto é senador pela província argentina de Río Negro e, atualmente, candidato à vice-presidência na chapa de Maurício Macri, o neolibelista.

A chapa Macri/Pichetto é aquela que, segundo as pesquisas, será esmagada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas eleições presidenciais do fim de outubro.

Pichetto era filiado ao Partido Justicialista - ele era um dos nomes da "ala conservadora" e "anti-kirchnerista" dos Peronistas - até junho de 2019, quando se juntou ao bloco Macrista "Juntos por el cambio" - em português, "juntos pela mudança".

No último dia 3/X, Pichetto concedeu entrevista a estudantes da escola de jornalismo do Perfil, um jornal quinzenal de Buenos Aires.

Um dos temas da entrevista foi uma reportagem sobre o tráfico de drogas na Villa 1-11-14, uma favela localizada em frente ao estádio do San Lorenzo, em Buenos Aires.

É uma das maiores favelas da capital argentina, com cerca de 26 mil habitantes.

Em 24/IX, a rede de TV Cadena 3 exibiu imagens, feitas a partir de drones, que mostram o que seria uma fila de setenta metros de comprimento para a compra de drogas na comunidade.


As imagens foram feitas por drones do Ministério da Segurança da Argentina e divulgadas pela Cadena 3 (Reprodução)

E o que disse o senador Pichetto, candidato a vice do Maurício Macri?

Primeiro, num ataque de xenofobia digno de Donald Trump, culpou os imigrantes:

"A Argentina é um país muito generoso. As pessoas vêm pra cá e o que fazem? Viram vendedores ambulantes, depois contrabandistas e, em seguida, terminam por vender droga. (...) Em uma favela aqui, haviam duas filas. Uma que servia ao narcotráfico paraguaio..."

Nesse momento, Pichetto percebe que poderia ser - digamos - mal interpretado...

"Não vou classificar a nacionalidade, se não depois vão ficar bravos comigo... Uma certa nacionalidade que tem ligação com a maconha faz a venda da maconha. Outros jovens de fora do país, que também vieram a este país tão generoso, vendiam cocaína na outra fila.

E qual a solução para o problema do tráfico, segundo o senador Pichetto?

"Na verdade, seria preciso dinamitar tudo, fazer tudo voar pelos ares!"

Reprodução: YouTube/AmericaTV

Trata-se de uma solução jenial!

Como a solução de Trump para a imigração ilegal - atacar os latinoamericanos que cruzam a fronteira com tiros, cobras e jacarés - ou a ideia do Witzel para acabar com a violência no Rio - basta mirar na cabecinha...

O discurso de criminalização da pobreza não é exclusivo do Brasil, portanto.

Ontem 4/X Pichetto disse que não disse o que disse: segundo ele, a ideia não é dinamitar todas as favelas, mas apenas os locais onde se realiza o comércio de drogas - os "bunkers", segundo ele.

Mas e as pessoas que moram ao redor?

Elas não seriam "dinamitadas" junto?

Será que ele considera essas pessoas "baixas aceitáveis" ou "dano colateral"?

Ou, como disse Jair Bolsonaro em 1999, "se vão morrer alguns inocentes, tudo bem"?

Em tempo: vale lembrar, amigo navegante, que Bolsonaro é amigão do Macri!

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