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Ex-presidente do Inpe é um dos dez cientistas do ano da Nature!

Bolsonaro demitiu Ricardo Galvão por divulgar dados sobre as queimadas
publicado 13/12/2019
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O professor Ricardo Galvão em entrevista à TV Afiada (Reprodução)

O professor Ricardo Galvão, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi selecionado como um dos dez mais cientistas mais importantes do mundo em 2019 segundo a revista britânica Nature.

No auge da crise das queimadas na Amazônia, em julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro atacou o Inpe e o professor Galvão, após o instituto divulgar dados obtidos a partir de imagens de satélites que evidenciavam o aumento dos focos de incêndio e do desmatamento na região Norte do Brasil.

No dia 19/VII Bolsonaro afirmou os números do Inpe, que apontavam um aumento de 68% no desmatamento da Amazônia em um ano, eram "mentirosos" e Ricardo Galvão estaria "à serviço de alguma ONG".

O professor Galvão rebateu o Jair Messias no dia seguinte: "Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse país. (...) Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa desse tipo. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que ele está fazendo. É uma ofensa de botequim. Não vou responder a ele e ele que me chame pessoalmente e tenha coragem de me dizer cara a cara isso".

Bolsonaro demitiu Ricardo Galvão no dia 7/VIII. Seu substituto na direção do Inpe é Policarpo Damião, um coronel da FAB que não acredita em aquecimento global...

A lista da revista Nature será divulgada nesta sexta-feira 13/XII.

"Naturalmente, como brasileiro, me sinto triste pelo motivo da indicação ter sido o fato de o governo não ter cumprido suas obrigações com a preservação da Floresta Amazônica. Por outro lado, fico satisfeito, porque foi um momento difícil decidir o que fazer naquela ocasião, mas entendi que deveria demarcar uma posição firme. Não era apenas a questão do desmatamento, mas um ataque à ciência brasileira" disse Ricardo Galvão ao Globo.

Ele continua: "uma das razões que a 'Nature' me informou ter me escolhido é que, no momento em que se propagam questões obscurantistas, negacionistas e terraplanistas, tive a coragem de contrariar o governo mostrando a importância da ciência. Ela não pode de forma nenhuma ser atacada. Tenho sempre repetido que todo gestor público, todo líder de um país deveria ter consciência de que, quando se trata de questões científicas, não há autoridade acima da soberania da ciência".

Em tempo: em setembro, o professor Galvão concedeu uma entrevista exclusiva à TV Afiadaa propósito da responsabilidade de Jair Bolsonaro sobre o avanço do desmatamento e a paranoia da extrema direita contra os ambientalistas e os órgãos de fiscalização. Assista:

 

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