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Senadoras e deputadas repudiam insultos de Bolsonaro

Filho do presidente manda parlamentares "rasparem o sovaco"...
publicado 19/02/2020
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Deputadas ocuparam a tribuna da Câmara para protestar contra a fala de Bolsonaro (Créditos: Gustavo Bezerra/Fotos Públicas)

Durante toda a terça-feira 18/II, deputadas federais e senadoras repudiaram o ataque do presidente Jair Bolsonaro contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo.

Pela manhã, durante conversa com fãs na porta do Palácio da Alvorada, o presidente fez um comentário com insinuação de caráter sexual sobre a atuação da jornalista, responsável por uma série de reportagens na Folha sobre disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro via WhatsApp durante as eleições de 2018: "ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", disse Jair Bolsonaro, para delírio de seus simpatizantes.

Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), Bolsonaro "agrediu de forma frontal todas as mulheres brasileiras" e demonstrou falta de compostura. Já Kátia Abreu (PDT-TO) afirmou que, como não é possível atacar a competência das mulheres, seus inimigos tentam atacar sua dignidade:

"Por que não pode falar que mulher é bandida, que mulher é ladra, que mulher é incompetente? Porque normalmente não são. E o que anda sobrando para falar das mulheres? É da sua vida sexual, é da sua vida amorosa, é da sua dignidade, da sua honra. Isso é coisa de país sub-sub-subdesenvolvido”, afirmou a senadora.

Ao longo do dia, 23 parlamentares mulheres assinaram uma nota de repúdio à declaração do presidente. O texto afirma que Bolsonaro agiu de forma "é "absolutamente desrespeitosa e incompatível com a postura de um Presidente da República" e que "esse tipo de discurso não ataca só a jornalista Patrícia, mas todas as mulheres que cotidianamente são vítimas de violência, seja dentro de casa, no transporte público e no próprio ambiente de trabalho".

A nota foi lida durante a noite, na Câmara, após um grupo de deputadas federais - entre elas, Luiza Erundina (PSOL-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Maria do Rosário (PT-RS), Fernanda Melchiona (PSOL-RS) e Natália Bonavides (PT-RN) - ocupar a tribuna para protestar contra a fala de Bolsonaro.


Reprodução/TV Câmara

"Essa manifestação em relação à Patrícia passa de todos os limites. Muito vexatório para um presidente da República", disse Gleisi Hoffmann, que também disse desconhecer qualquer presidente que tenha feito uma "agressão tão grande" contra uma mulher como fez Jair Bolsonaro.

"Temos um presidente machista. Querer desqualificar uma profissional, com insinuações sexuais é uma forma clássica da misoginia. E as mulheres sabem disso. Isso é quebra de decoro. Repugnante! Nojento", disse a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Já a base governista se fez de desentendida.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) disse que quem interpretou a fala de Bolsonaro como um ataque à jornalista Patrícia Campos Mello "está com certa maldade nos seus pensamentos". E completou: o presidente Bolsonaro não falou nada demais. Simplesmente, todo jornalista quer um furo, ou seja, uma notícia em primeiríssima mão. Então, não há nada de errado. Quando se fala em Bolsonaro, só vêm críticas, críticas em cima de críticas".

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente, subiu ao púlpito acompanhado por cinco deputadas do PSL e do PSC para dizer que as parlamentares que criticaram seu papai não falam em nome de todas as mulheres do Brasil: "calma aí. Será que não tem mulher aqui comigo não?". E continuou: "isso aqui é a imposição do politicamente correto para tentar calar a boca do presidente Jair Bolsonaro".

Enquanto parte da oposição o chamava de "fascista", entretanto, Eduardo Bolsonaro atacou com o humor de aluno de quinta série, típico da família: "podem gritar à vontade, mas só raspa o sovaco, se não dá um mau cheiro do caramba".

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