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Saturnino: o business quer destruir o Lula

É preciso destruir a figura maior do partido renitente: afastá-lo do próximo pleito
publicado 15/02/2016
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bessinha sergio fernando

O Conversa Afiada publica com imenso prazer artigo do sempre agudo e sereno  Senador Saturnino Braga:


O  ANO  BRASILEIRO

O ano brasileiro começa depois do carnaval, e quero falar do que estou sentindo nestes primeiros dias de 2016: calor, principalmente; afinal chegou o indefectível verão solar, de 40 graus, no Rio de Janeiro.

Além do calor, uma coisa bem brasileira: a abundância de curvas femininas exuberantes e coloridas em todas as imagens de mídia, e a lembrança clara que me vem da noite em que Brizola ofereceu ao senador Ted Kennedy um jantar no Palácio Laranjeiras; belo, saboroso, ameno, civilizado, ao fim do qual, concatenadamente, começou a se ouvir ao longe o batuque  de uma bateria que chegava. Todos se levantaram e se dirigiram ao pátio do Palácio, onde apontou, garbosa, a comissão de frente de uma escola de samba bem paramentada, e logo a bateria irresistível, o Senador começou a gingar alegre e desengonçado, no jeito de turista americano. Foi quando surgiram no fundo as morenas formosas, excitantes, generosas, sambando o bom  samba brasileiro. E uma descarga elétrica fez lembrar imediatamente ao Senador as raízes calvinistas do seu povo e o perigo de uma foto mal tirada, levando-o a um gesto pouco cortês, de avançar a mão subitamente em agradecimento e despedida, a um Brizola que custou a compreender e a corresponder, mal podendo acompanhar o convidado ilustre, que não se despediu de mais ninguém e se escafedeu pela lateral do Palácio, onde estava estacionado o seu carro.

Pois é este mesmo povo calvinista que está assustando o mundo do business, mostrando uma inesperada vontade de mudar, que parece impregnar os mais jovens entre a maioria branca, dando expressivas vitórias nas primeiras prévias ao candidato socialista Bernie Sanders, senador de Vermont. Esta é a primeira notícia destacada a comentar neste ano que se inicia no Brasil.

O business entretanto confia na sua força econômica e sabe que ao fim e ao cabo vencerá a guerra. O business é internacional, e sua presença é forte também em nosso País, a ponto de comandar toda a nossa grande mídia, como acontece em todo o continente sulamericano. Comanda também grande parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, mas perdeu aqui, faz treze anos, o Poder Executivo, fato extraordinário, surpreendente, imprevisto, e completamente inaceitável. É preciso corrigir esta deformação grave e recuperá-lo a qualquer custo.

Quase o conseguiu na eleição de 2014, usando as informações que tinha da espionagem sobre a grande empresa brasileira de petróleo para desencadear uma demolidora campanha sobre ela, empresa, que explodiu no momento próprio, como um poderoso torpedo, sobre a candidatura da Presidenta que disputava a reeleição.

Perdeu mesmo assim, mas por pouco. Absolutamente inconformado com o resultado, lançou imediatamente a devastadora campanha do impeachment que paralisou o País e sua economia mas não conseguiu derrubar a Presidenta. Porfiou o ano inteiro de 2015, que findou sem o resultado pretendido, mas pelo menos o Brasil se enfraqueceu e a Petrobras quase naufragou, dois efeitos bem positivos para o business. Ademais, o partido impertinente rolou escada abaixo nos ibopes e a imagem da Presidenta definhou.

Não é suficiente entretanto: um novo ano se abre e é preciso continuar a luta, não desistir do impeachment, afundar mais a economia brasileira e ao menos garantir a vitória nas próximas eleições. É preciso destruir então a figura maior do partido renitente, seu líder principal: afastá-lo completamente do próximo pleito. Ele andou cogitando de comprar um apartamento triplex perto da praia e frequentou muito um belo sítio de amigos no interior do Estado; ademais, sua esposa comprou um barco de pescador e seu filho associou-se a empresários. Pronto, é por aí. Os profissionais da imprensa investigadora que caiam em campo a produzir os abalos necessários.

O business todavia, não obstante sua força, tem também seus pontos fracos; e o principal é subestimar sempre a inteligência popular.

O povo perdeu muito da confiança que tinha no seu partido depois do bombardeio longo e arrasador de toda a mídia. Mas ainda gosta do seu líder maior, e se incomoda de vê-lo tão perseguido, atacado por todos os lados. O povo também pensa, reflete, vê o outro líder adversário, que também foi Presidente, que fez tanto mal ao País vendendo patrimônio público a preço de banana, sempre sorridente nos jornais, como se gostasse de toda essa derrocada, morando num grande apartamento no bairro mais caro de São Paulo, possuindo fazenda  cheia de bois, sem que ninguém fale nada sobre isso. O povo olha desconfiado e pensa em silêncio. Mas o business não dá importância a este pensamento. O business entende mesmo é de mercado, de coisas que se compram e vendem. Eis.

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