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Ricupero: não existe nenhum canal direto entre Bolsonaro e Trump

É ingênuo se alinhar a uma potência
publicado 06/12/2019
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(Charge: Laerte)

O ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente Rubens Ricupero traçou, em entrevista ao Estadão publicada nesta sexta-feira 6/XII, um panorama do fracasso da política externa de Jair Bolsonaro, um colecionador de derrotas que foi ingênuo ao supor que seria vantajoso se alinhar aos Estados Unidos.

Para Ricupero, o recente episódio da ameaça de taxação ao aço e ao alumínio brasileiros por parte do governo de Donald Trump evidencia a falácia bolsonarista.

"Esse episódio tornou patente o que já sabíamos: que era uma grande ficção a ideia de que o presidente Bolsonaro e seu filho Eduardo tinham canal direto com Trump. O que podemos notar é que as nossas relações internacionais estão baseadas em premissas totalmente falsas, é uma visão alienada em relação ao mundo e em relação ao Brasil. O governo precisa perceber que, neste mundo de competição pelo comércio internacional, o interesse do Brasil é permanecer autônomo e ter o máximo de ganhos em cada negociação. É ingênuo se alinhar com uma potência", disse Ricupero.

Para Ricupero, a propósito, "aliado significa escolher um lado - neste caso, o americano, que está em conflito com países como China e Rússia, com os quais o Brasil não está em conflito neste momento".

O ex-ministro ressaltou, ainda, a incapacidade do governo Bolsonaro de compreender as revoltas populares que explodiram na América do Sul.

"São manifestações contra políticas econômicas de inspiração ultraliberal, como as que o Brasil adota agora. No Chile e na Colômbia, a insatisfação é com excessos que houve com o liberalismo. O México mudou essa rota, com a eleição de Andrés Manuel López Obrador. A Argentina também está mudando, com a volta do peronismo ao poder".

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