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PF pode abrir nova investigação sobre caixa dois no laranjal do PSL

Ex-assessor diz que esquema irrigou campanhas de Álvaro Antonio e Jair Bolsonaro!
publicado 07/10/2019
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Originais: Reprodução/Elo7 e Reprodução/Instacart

Ontem 6/X o Conversa Afiada mostrou que, de acordo com o depoimento de um ex-assessor do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, o dinheiro desviado através do esquema do laranjal do PSL em Minas Gerais, nas eleições de 2018, teria sido usado, irregularmente, para bancar material de campanha do próprio ministro, que concorria ao posto de deputado federal, e do então candidato à presidência Jair Bolsonaro.

Trata-se de uma acusação de caixa dois.

Além do depoimento do ex-assessor Hassander Souza de Paula, a Polícia Federal apreendeu, em junho, uma planilha com indicativos de gastos com material gráfico durante a campanha - folhetos, santinhos e similares. Ao lado de valores marcados com os nomes de Álvaro Antonio e de Bolsonaro, há menções a gastos "NF" e "out".

Segundo a investigação, as expressões significam, respectivamente, pagamentos "com nota fiscal" e "por fora".

(O advogado de Hassander, entretanto, diz que "out" significa "material de campanha com produção ainda pendente"...)

Na sexta-feira 4/X Marcelo Álvaro Antonio foi indiciado pela Polícia Federal, que afirma que o ministro do Turismo comandou o esquema, que consistia em candidaturas femininas de fachada nas eleições de 2018 com o objetivo de desviar verbas públicas de campanha para outras candidaturas consideradas mais promissoras.

De acordo com a investigação, as candidatas recebiam o dinheiro de campanha, sob condição de repassar a maior parte dos valores a outros nomes indicados pelo PSL. Segundo a PF, as candidatas sabiam que estariam atuando como laranjas.

Além de candidato a deputado federal, Marcelo Álvaro Antonio era presidente do partido em Minas Gerais e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro no estado.

Hoje 7/X reportagem de Camila Mattoso, Ranier Bragon e Fernanda Canofre, na Fel-lha, revela que a Polícia Federal poderá abrir uma segunda investigação relacionada ao caso dos laranjas do partido de Bolsonaro. O objetivo, agora, é investigar especificamente as contas da campanha de Álvaro Antonio a deputado federal.

Segundo a reportagem, "além do depoimento e da planilha, a PF reuniu ainda outros indícios de recursos não contabilizados na campanha de Álvaro Antonio. Os casos estão nos autos e foram enviados para o Ministério Público, que é quem vai decidir se abre a nova apuração".

Não há, entretanto, qualquer indício de ação por parte da PF em relação ao dinheiro supostamente desviado para a campanha de Bolsonaro.

Ontem, no Twitter, o ministro da Justissa Sérgio Moro correu para defender o chefe: "o PR [presidente da República] Jair Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas. Estes são os fatos.

Vale lembrar, amigo navegante, que a Polícia Federal é subordinada ao ministério do Moro...

(Também no Twitter, o presidente do PSOL Juliano Medeiros disse que Moro atua como Advogado Geral da União...)

Na sexta-feira 4/X o presidente Jair Messias já havia confirmado que Álvaro Antonio irá permanecer no cargo - afirmação que ele reforçou no dia seguinte, em entrevista ao Estadão, na qual disse que "ele [Marcelo Álvaro Antonio] não chegou ao final da linha. Se for algo de grave, substancioso, a gente toma uma decisão".

Já na noite de ontem 6/X Bolsonaro recorreu ao seus fãs no Facebook para atacar... A Fel-lha!

"A Folha de São Paulo avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas. (...) O que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse nesse jornaleco", disse o presidente.

O jornal lembra, entretanto, que sua reportagem "é baseada em depoimento de um ex-assessor do ministro do Turismo à PF e em uma planilha apreendida nas investigações. Em nenhum momento o jornal atribui conclusões sobre o assunto aos investigadores".

Em tempo: não é a primeira vez que Bolsonaro ataca a liberdade de imprensa...

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