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Oposição acusa Bolsonaro de aparelhar a Polícia Federal

Há uma preocupação de que Bolsonaro faça uso político da corporação contra os seus adversários políticos
publicado 26/05/2020
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Foto: Marcos Corrêa/PR

Parlamentares da oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) acusou o presidente de aparelhar a Polícia Federal.

Há uma preocupação de que Bolsonaro faça uso político da corporação contra os seus adversários políticos.

Na manhã desta terça-feira (26/V), a PF realiza a operação Placebo, que tem como um dos alvos o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

"Vamos representar ao MPF para que investigue para quem a operação contra Witzel foi vazada! Denúncias de desvios devem ser investigadas, mas como a aliada do presidente adiantou o fato? Sinal de que as interferências de Bolsonaro já são realidade. A PF não pode ser aparelhada!", escreveu nas redes sociais o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

“Bolsonaro quer usar a Polícia Federal como um braço policial seu, que obedeça a seus comandos, a fim de proteger familiares e amigos, e atacar desafetos. Denúncias de desvios de dinheiro público são graves e devem ser investigadas com rigor. Porém, a operação deflagrada hoje foi adiantada ontem por uma de suas maiores aliadas, o que indica que a interferência do presidente na PF está sendo bem-sucedida”, disse Molon à Veja.

"A interlocutora governo Bolsonaro não se conteve em entrevista à Rádio Gaúcha e anuncia uma operação da PF que acontece no dia seguinte. Como ela soube antes? Fica clara a interferência, e mais ainda a perseguição aos que se opõem ao governo", publicou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), sobre a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ter antecipado o desencadeamento da operação.

Em nota divulgada, Witzel acusou a PF de vazar informações sobre a operação que apura supostas irregularidades na área de saúde e na instalação de hospitais de campanha para combater a pandemia de Covid-19.

"Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada", disse o governador.

No fim de abril, Bolsonaro acusou, sem apresentar provas, "alguns" governadores de desviarem recursos que seriam destinados ao combate ao novo coronavírus. De acordo com ele, o governo federal fez "tudo que foi possível" em relação à pandemia.

"Nós fizemos tudo que foi possível e mais alguma coisa. Agora, cabe aos governadores gerir esses recursos. O que mais nós temos, por parte de alguns estados, é desvio de recursos. É isso que está acontecendo. Por isso precisamos da Polícia Federal isenta, sem interferência, para poder tratar desse assunto, para poder coibir possíveis abusos", disse à época. 

Na manhã desta terça, o presidente negou que já sabia da operação.

"Parabéns à Polícia Federal. Fiquei sabendo agora pela mídia. Parabéns à Polícia Federal, tá ok? — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.