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Mino lança Celso Amorim à Presidência

O melhor chanceler do Brasil também pode ser o melhor presidente
publicado 22/06/2018
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(Créditos: Ricardo Stuckert)

O Conversa Afiada reproduz o afiadíssimo texto de Mino Carta sobre Celso Amorim:

A escolha certa

Segundo as pesquisas, quem Lula apoiar ganha a eleição.
Meus botões e eu sugerimos Celso Amorim

Espera aí, dizem meus botões, e se houver eleições? Ocorre que eu tenho manifestado dúvidas a respeito com alguma frequência, movido pela inescapável conclusão de que os golpistas não têm candidato para a Presidência da República. Para evitar a debacle que seriam capazes de inventar? A enésima exceção, mandar às favas o calendário eleitoral.

Olhai, insistem os meus infatigáveis interlocutores, quantos golpistas já se preparam para o pleito, a começar pelos mais graúdos, por exemplo Henrique Meirelles, graniticamente certo de ganhar a próxima convenção do MDB. Há golpistas aos magotes entre governadores e parlamentares a mirar na reeleição, e outros tantos empenhados em burilar suas candidaturas.

Sugiro reflexão. E o deus mercado que opina? Pois é, informam os botões, há um pessoal da grana que propõe Geraldo Alckmin como candidato único de tucanos e emedebistas, ou seja, a fina flor do poder econômico acredita em eleições. O próprio ex-governador de São Paulo admite que sua cotação nas pesquisas é baixa, mas prevê a virada com o começo oficial da campanha eleitoral.

E que esperar das gloriosas Forças Armadas? Muitos comentaristas europeus aventam a hipótese de uma intervenção militar. Comentam os botões: não faltam decerto fardados, e de pijama, saudosos de 1964, parece, contudo, que no momento a caserna prefere não se haver com pepinos. Então, observo com aparente resignação, vamos aguardar a chegada de um capitão, o Bolsonaro admirador de Tio Sam e recém convertido ao deus mercado.

É cedo, é cedo, é muito cedo, cantarolam os provocadores, e me lembram o coelho do País das Maravilhas visitado por Alice, aquela meninota atrevida. Explicam: à parte o fato de que na próxima semana discute-se em petit comité da casa de diversões chamada STF a prisão de Lula em segunda instância, as pesquisas atribuem ao ex-presidente uma qualidade formidável: quem ele apoiar, mesmo da cadeia, tem imponentes possibilidades de levar o próximo pleito. Depende de quem ele escolher, atalho. E o diálogo se encerra.

Lula continua bem à frente nas pesquisas, soa impossível, porém, que a casa grande desista do objetivo determinante do golpe, interditar de vez a candidatura do ex-presidente. Mesmo assim, ele continua a ser decisivo, se souber apoiar o candidato certo. Talvez pudesse ser Ciro Gomes, não tivesse ele tomado posições que magoaram Lula profundamente.

Como sabemos, nem sempre o único líder brasileiro de dimensão nacional na hora das escolhas esteve à altura do seu extraordinário faro político, do seu elevado QI e da força que lhe confere a consistente popularidade. Quem poderia ser hoje o candidato de Lula? Meus botões e eu nas fileiras do PT só enxergamos duas figuras relevantes, sem contar o senador Roberto Requião, que, sem ser do PT, por suas ideias e posturas figura à esquerda da larga maioria dos petistas.

Os botões me puxam pelos punhos da camisa. Está certo, falemos dos tais personagens que se impõem à nossa atenção, dois somente. Um deles, Jaques Wagner, já está fora do páreo, prefere reeleger-se para o Senado. O outro chegou a cogitar de sua candidatura à governança do Rio, mas logo desistiu. Celso Amorim, ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff, intelectual de fina estirpe e cavalheiro incorruptível. Como chanceler foi quem mais claramente contribuiu para projetar internacionalmente o País, a ponto de ser reconhecido como o mais importante ministro do Exterior do mundo no seu tempo. Diplomata de princípios firmes, ponderado, embora de crenças inabaláveis. Este seria um grande presidente no momento de reconstruir o Brasil.