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Lula é Perón? Haddad é Cámpora?

PT conseguirá reproduzir a estratégia peronista de 1973?
publicado 25/06/2018
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Reprodução: El Intransigente.com

O Conversa Afiada reproduz intrigante texto de Andrea Jubé, do PiG cheiroso, e parte da premissa de que o Cámpora de Lula é Fernando Haddad, segundo aguda análise do professor Wanderley Guilherme dos Santos:

PT pode reeditar estratégia usada por Perón para voltar ao poder


O fenômeno eleitoral que marcou o retorno do peronismo ao poder na Argentina há 45 anos é a proeza que o PT tentará repetir nas eleições de outubro, prolongando ao limite do prazo legal a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o líder argentino Juan Domingo Perón proscrito havia 18 anos, um candidato apoiado por ele - de seu exílio na Europa - venceu a eleição presidencial. No Brasil, com Lula detido, o partido quer tentar reproduzir a façanha com um nome ungido por ele, proclamando "eu sou o Lula" nos comícios país afora.

Era 1973, e Perón, aos 78 anos, duas vezes presidente da República, articulava o seu retorno à Argentina, sonhando com um terceiro mandato. Vislumbrou a oportunidade no apoio a um aliado do passado, o ex-presidente da Câmara Héctor Cámpora, em um ambiente onde os argentinos temiam a ascensão dos socialistas. Respaldado pela juventude peronista, Cámpora percorreu o país apresentando-se como o candidato de Perón. Era chamado de "El Tío", porque era considerado irmão de "el padre Perón". O lema de sua campanha era "Cámpora no governo, Perón no poder". Acabou vitorioso com quase 50% dos votos.

O exemplo de Héctor Cámpora corre à boca miúda entre petistas do núcleo mais próximo de Lula. Parafraseando a campanha argentina, o grupo formula slogans como "PT no governo, Lula no poder", considerando os 30% dos brasileiros que declaram intenção de voto no ex-mandatário, segundo o último Datafolha.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reafirma que o partido levará o nome de Lula até as urnas no dia 7 de outubro, em uma campanha de protesto contra sua prisão: ele cumpre pena de 12 anos e um mês em regime fechado em Curitiba. Mas o que se articula nos bastidores é sustentar o nome do ex-presidente até o limite para assegurar a transferência de votos.

Após o registro, no dia 15 de agosto, a Justiça Eleitoral arguirá a inelegibilidade de Lula, com base na Lei da Ficha Limpa. A partir daí, o PT deverá intensificar a "vitimização" do candidato, enfatizando a retórica do "preso politico". No prazo legal, entretanto - a 20 dias do pleito - o PT revelará o nome do potencial herdeiro dos votos. (...)