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Como se livrar de um (des) governo

Xavier: o que está em jogo é a sobrevivência do povo
publicado 29/03/2019
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O Conversa Afiada tem o prazer de publicar sereno (sempre!) artigo do colUnista exclusivo Joaquim Xavier:

O governo Bolsonaro já se foi. Parece até notícia velha. Aliás, escrevi há meses um artigo intitulado “o governo acabou antes de começar”. Batata. Os fatos só fizeram confirmar o prognóstico.

Não se trata de discutir como manter de pé um walking dead. O Brasil tem urgências que não suportam uma gestão envolvida em cumplicidade com milicianos assassinos, vendilhona da soberania nacional, produtora incessante de fake news, vassala de um astrólogo desmiolado, incapaz de fazer política com P maiúscula, acusada de roubar dinheiro do povo para financiar cabos eleitorais, idólatra de ditaduras dentro e fora do Brasil, abrigo de ministros, quando não tresloucados, frutos de um latifundiário de laranjais ou filhotes de caixa 4. E o ministro (sic) das relações exteriores que acha que o nazismo era de Esquerda? Precisa desenhar?

A história tem vários exemplos de desabamentos de governos falidos. Há aqueles que mandavam o povo comer brioches e acabaram em caixões. Um outro insistiu na alucinação do Reich de mil anos e seu líder recorreu ao suicídio. Aqui no Brasil, uns foram alvos de golpes de força, como Jango, outros de abuso na roubalheira, como Collor. E um, como o governo Dilma Rousseff, tornou-se vítima de uma tramoia destinada a anular os tímidos, mas reais, avanços sociais da era Lula.

A situação agora pode parecer mais complicada. A quadrilha que tomou o poder de assalto em janeiro com base numa eleição fraudulenta mal completou três meses. Só que o tempo na política não respeita calendários. O país está sendo conduzido à ruína numa velocidade muito maior do que as 24h de cada dia. O Planalto vive à sanha de uma equipe descontrolada que trata o Brasil como mercadoria de alucinados e camelôs da honra nacional.

Se Rodrigo “Botafogo Odebrecht” Maia fosse gente séria, já teria encaminhado o impeachment de Bolsonaro em vez de bate-bocas na mídia gorda. A oposição parlamentar, o mesmo. Por que ainda não entrou com pedido de impeachment de Bolsonaro? Os crimes de responsabilidade deste governo são inúmeros, e todos previstos na Constituição. A apologia de regimes ditatoriais e difusão de pornovídeos já seriam suficientes, para não falar de tantos outros desatinos.

A mídia endinheirada, em desespero, tenta agora vender a imagem de que os de cima resolveram fumar o “cachimbo da paz”. A verdade é que o cheiro de queimado começa a asfixiar o grande capital, fiador maior da camarilha no poder. (Ler "os banqueiros mandaram o bate boca acabar - e acabou...") A turma do “deixa disso” entrou em campo para juntar o saco de gatos que tomou conta do Brasil. Tudo a mesma sopa, como diria Mino Carta.

Não cabe desprezar este movimento. No frigir dos ovos, toda esta gente tem um objetivo em comum: escravizar o povo em favor dos abutres que saqueiam o Brasil. Pensar que Rodrigo “Botafogo Odebrecht” Maia resista de verdade aos ataques à democracia e aos interesses do país é como acreditar em Papai Noel.

“Botafogo” é um dos maiores entusiastas da liquidação da aposentadoria. Acusa Bolsonaro de abandonar a missão. Parece coisa de doido, mas é disso que se trata: Maia representa os interesses do grande capital, e cobra do militar usurpador empenho nesta empreitada.

Já Bolsonaro está mais interessado em defender seus quinze minutos de fama e o patrimônio inchado à custa de dinheiro público.

Infeliz o país em que as opções aparentemente seriam estas: um tenente que virou capitão ao ser praticamente expulso do Exército, um vice-presidente lobo fantasiado de cordeiro, um presidente da Câmara lubrificado por afagos de empreiteiras, um Judiciário subserviente e desmoralizado.

Ainda bem que existe povo. Esse é o elemento-chave da situação. Sua sobrevivência é que está em jogo. Querelas ideológicas com um bando de destrambelhados reacionários podem render manchetes de jornais impressos (enquanto existirem). Só não resolvem o principal. Famílias inteiras de trabalhadores e trabalhadoras vêm sendo destruídas, lançadas à miséria e à desesperança. Mas só elas podem garantir um futuro digno para o Brasil. Organizá-las para derrubar este governo é o dever imediato de todo democrata e oposicionista sincero.

Joaquim Xavier