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Banqueiros mandam acabar o bate boca!

E o bate boca acabou
publicado 29/03/2019
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De Vanessa Adachi e Marli Olmos, no PiG cheiroso:

Empresários pedem foco na reforma

No momento em que o governo de Jair Bolsonaro chega ao fim de seu terceiro mês, banqueiros, empresários e executivos são unânimes em avaliar que o presidente da República precisa deixar de lado as polêmicas e os enfrentamentos e colocar o foco no que realmente importa, a reforma da Previdência. Avaliações colhidas pelo Valor, algumas feitas sob condição de anonimato, variam de algum grau de apreensão a até uma declarada decepção com o que se viu neste primeiro trimestre de mandato.

O presidente de um banco de varejo se diz desapontado com o desempenho do presidente Bolsonaro até aqui. "Esperava que ele fosse liderar e negociar [para a aprovação da reforma], mas isso não está acontecendo." Em vista disso, nos últimos dias passou a temer pela reforma da Previdência. "Ser irredutível não dá certo. Não é assim que se dirige uma empresa e não é assim que se governa um país."

O executivo critica especificamente a postura do presidente de não se sentar à mesa para negociar verbas para os parlamentares, algo que considera legítimo. "Bater boca com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é inapropriado. Maia já provou a ascensão que tem sobre os deputados ao impor uma derrota acachapante para o governo nesta semana na questão do orçamento impositivo." Sobre a aparente trégua que se configurou nesta quinta-feira em Brasília, com um tom mais ameno entre Bolsonaro e Maia e um almoço entre este último e o ministro da Economia, Paulo Guedes, o executivo se mostra cético. "Quero ver se materializar."

Também pessimista, o presidente de um outro banco diz que o governo está "conseguindo se afogar num copo d'água" e que isso está hoje "no preço" dos ativos financeiros negociados no mercado. "Bolsonaro deveria conversar com todo mundo e ouvir as demandas republicanas. Dizer que não vai conversar porque todo mundo é bandido só cria animosidade até mesmo entre deputados que apoiam a ideia da reforma da Previdência." Em suas contas, há uma chance de pouco mais de 50% de se aprovar uma reforma mais tímida, que proporcionaria economia entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões. "Há 15% de chance de dar tudo errado e 30% de chance de se aprovar uma reforma mais robusta."

O presidente desse banco diz estar decepcionado porque esperava que Bolsonaro tivesse uma postura diferente da que tem demonstrado na presidência. "A popularidade dele está caindo e seguirá assim se nada mudar, porque dois terços dos seus eleitores não votaram por convicção, mas sim por medo de um governo do PT ou por causa da agenda econômica."

Um terceiro banqueiro faz uma avaliação mais otimista que seus pares e acredita que o pragmatismo acabará se impondo na questão da Previdência. "Até o Rodrigo Maia diz que é preciso aprovar. Não existe alternativa. A opção é ter uma crise fiscal." Ele classifica como "terrível" e "perda de tempo" o enfrentamento com os parlamentares, mas acredita que faz parte do jogo político e que um gesto político de aproximação pode por fim à crise. "E se houver uma semana de trégua, o mercado vai se recuperar." (...)