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Ao tentar isolar Maia, Bolsonaro pode ser traído pelo Centrão

Presidente quer alguém do bloco no comando da Câmara
publicado 20/04/2020
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) articula nos bastidores para que o líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), comande a Câmara dos Deputados após vencer o mandato de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo Bela Megale, de O Globo, o plano é Bolsonaro sustentar publicamente um nome ligado à ala ideológica, mas por trás trabalhar para viabilizar um parlamentar do centrão.

A próxima eleição para a presidência da Câmara é em fevereiro do ano que vem.

O deputado Arthur Lira é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva.

Isolamento de Maia

Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, ao tentar isolar Maia e o DEM, Bolsonaro segue os passos da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Neste momento ele acredita piamente que está sendo perseguido pelo DEM, cujo triunvirato composto por Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Luiz Henrique Mandetta, além de presidir as duas casas legislativas, determina qual a política pública a ser seguida (à revelia do Presidente da República) no combate à pandemia. Bolsonaro quer se livrar do DEM e trazer para junto dele os partidos do Centrão. Pobre Bolsonaro, ele, um jogador de damas mal treinado chamou os mais exímios jogadores de xadrez para fazer acordo. Ninguém do Centrão confia em Bolsonaro", escreveu Almeida em seu blog.

"No final do Governo Dilma a presidente tentou uma composição justamente com esses partidos, seu objetivo era ter os votos de PP, PRB e PL contra seu impeachment. Ciro Nogueira compôs com Dilma, obteve o que queria, mas seu partido abandonou a então presidente e passou a apoiar o impeachment. O PL já tinha o Ministério dos Transportes e obteve mais cargos, porém isso não foi suficiente para que se mantivesse no mesmo barco de Dilma", prosseguiu.

Para ele, "Bolsonaro julga ter perdido seu parceiro preferencial, o DEM, e agora tenta atrair os partidos do Centrão. O xeque-mate dado em Dilma pode ser repetido agora: aceitam-se os cargos, mas se necessário o governo será abandonado".

"Dizer que Bolsonaro segue os mesmos passos de Dilma não significa afirmar que ele sofrerá impeachment, mas sim mostrar que ele não tem mais onde se segurar, que ele recorre agora ao que existe de menos confiável na política brasileira, em particular quando, como é o caso de Bolsonaro, não há nenhuma força partidária capaz de atrair estes bem treinados enxadristas", concluiu Almeida.