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A Globo desmente a Globo!

Amigo navegante teve estômago para assistir e analisar o jn...
publicado 20/04/2017
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No Brasil, os jornalistas são piores que os patrões - Mino Carta

O Conversa Afiada publica afiada análise do amigo navegante Ricardo Aidukatis:

Sr. Paulo Henrique Amorim,

“A Globo desmente a Globo”. Poderia ser esta a chamada dessa carta.
Acompanho, com frequência, suas “conversas afiadas”, comungando de grande parte dos seus pontos de vista.

Uma de suas frentes de luta tem sido contra as ações manipuladoras e parcialidade imoral da Rede Globo. Por esta razão, o escolhi para encaminhar este comentário. Espero que receba sua atenção e que seja útil de alguma forma.

Embora preferisse não dar Ibope a Globo, acabo acompanhando com cuidado seus telejornais principais, é prudente saber o que os inimigos do Brasil andam dizendo. Também é bom para manter meu detectômetro de manipulações e mentiras exercitado.

Uma das formas mais utilizada por alguns órgãos é estampar uma manchete ou chamada de reportagem cujo próprio conteúdo não a confirma ou até desmente. Também acontece com os jornais impressos.

Um exemplo disso é a abertura da edição do Jornal Nacional de ontem, terça-feira 18/abril/2017, que abre com a seguinte chamada de Bonner:

“Um delator diz que a então Presidente Dilma, do PT, foi avisada sobre o risco que corria por causa do VOLUME ALTO de caixa 2 na campanha eleitoral de 2014.”.

Esta chamada, na abertura do jornal, sugere enfaticamente que Dilma sabia do caixa dois, dos altos volumes e dos riscos envolvidos.

Em outra parte da edição, há também matéria abordando a preocupação de Marcelo Odebrecht com os ALTOS montantes das “operações estruturadas” (propina, caixa 2) e suas ações e incentivos junto ao corpo de executivos do grupo no sentido de aumentar as entradas por superfaturamento para equilibrar as saídas vultuosas.

Já desconfiado, acompanhei com especial cuidado os depoimentos das matérias para avaliar sua relação com a chamada. A matéria se baseia, quase exclusivamente, no depoimento de João Nogueira, ex-executivo do grupo Odebrecht, um dos intermediários da longa ponte que Marcelo tentava estabelecer com Dilma.

No trecho apresentado, João Nogueira fala o tempo todo em termos de suposições e conclusões pessoais hipotéticas sobre o conteúdo de documentos que não leu e fatos que não presenciou. João Nogueira deduz que a intenção de Marcelo seria de mostrar à Dilma esses documentos que hipoteticamente falariam da existência de caixa 2 em sua campanha.

João Nogueira também relata conversas com Fernando Pimentel, governador de Minas, a pedido de Marcelo, no sentido dele sondar as intenções do Governo em relação à Lava Jato. Essa parte denota distanciamento e não proximidade entre Marcelo e Dilma. Fernando Pimentel teria retornado a João Nogueira que havia mostrado mensagens e documentos a Dilma (que mensagens? que documentos?) e que “ela ficou preocupado porque percebeu que não estaria, de fato, blindada”, segundo teria dito Fernando Pimentel. A matéria não informa o que Dilma teria dito ou feito que permitiu à Fernando Pimentel tirar essa conclusão.

Supondo que o depoimento de João Nogueira tenha sido 100% verdadeiro e preciso, que os tais documentos e comunicados foram apresentados a Dilma e que continham evidências de caixa dois em sua campanha, poderia se concluir que até aquele momento Dilma não sabia da existência de caixa dois em sua campanha. E em nenhum momento, há QUALQUER MENÇÃO às conversas com Dilma sobre os ALTOS VOLUMES DE CAIXA DOIS E RISCOS ENVOLVIDOS, proclamados na chamativa abertura. O que há sobre isso é outra matéria em que Marcelo Odebrecht fala sobre o assunto com sues executivos.

A matéria continua citando declarações de Marcelo Odebrecht sobre uma conversa com Dilma sobre a Lava Jato, solicitando a indicação de um nome para atuar em favor da empresa. A matéria induz que o pedido era no sentido do governo interferir nos trabalhos de investigação da Lava Jato. Tanto que os esclarecimentos de Fernando Pimentel são nesse sentido. Mas a própria matéria acaba deixando claro que a ajuda solicitada se referia ao desbloqueio de empréstimos e de contratos com a Petrobras, assuntos inerentes ao poder executivo e cabíveis diante dos dos diversos megaprojetos conduzido em curso com milhares de empregados mobilizados e encomendas em andamento. Problemas decorrentes da Lava Jato mas não relacionados a qualquer tentativa de bloqueio das investigações, como sugerido pelo tom da reportagem.

Marcelo afirma que Dilma indicou Mercadantes para tratar dos pleitos e cita uma solicitação encaminhada a um assessor de Mercadantes pedindo apoio. Mais uma vez, denota o distanciamento de Dilma com o assunto.

Concluindo, verifica-se um grande distanciamento entre o conteúdo da chamada, que é o que acaba ficando na cabeça das pessoas, e seu conteúdo, caracterizando uma clara manipulação e deturpação da notícia.

Sugiro rever com atenção essa edição e confirme minhas observações pessoalmente. Na verdade, esse expediente é utilizado com frequência: o conteúdo da matéria não confirmando a tese da manchete.