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Classes C, D e E vão ficar descalças!

Entra em colapso o Cariri, polo produtor de calçados de PVC
publicado 22/04/2019
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De Marina Falcão, no PiG cheiroso:

Polo de calçados de PVC, Cariri perde empresas e empregos


Maior produtor calçadista em volume de pares do país, o polo do Cariri, no sertão do Ceará, encolheu. Somada ao aumento da concorrência com produção em de Nova Serrana (MG), a crise econômica ocasionou uma onda de fechamento de empresas e empregos na região, que nas últimas décadas se especializou nos chamados "calçados injetados" - sandálias e chinelos de PVC, principalmente.

A região, que engloba 25 municípios e tinha 174 empresas em 2014, encerrou o ano de 2017 com 143 empreendimentos, segundo dado mais recente disponibilizado pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). No mesmo período, o número de empregados no setor caiu de 9 mil para 5,4 mil. O recuo, de 40%, é bem superior ao que ocorreu no mesmo período no setor calçadista no Brasil, onde o total de postos de trabalho caiu 10,6%. A queda chega a mais de 12% se o ano de 2018 for incluído na conta.

O encolhimento do setor calçadista na região do Cariri é retrato do que ocorreu com toda essa indústria no Ceará. Entre 2014 e 2018, o setor perdeu 43% do seu faturamento - cerca de R$ 1,5 bilhão - e somou vendas de R$ 3,5 bilhões no Estado no ano passado, segundo o Observatório da Indústria.

No Cariri, em particular, a queda em ritmo acelerado pode ser explicada pela redução do poder aquisitivo das classes C, D e E, público que é atendido pelas empresas da região, durante a crise. Não bastasse a economica fraca, o polo enfrenta uma concorrência cada vez mais forte, que vem da região de Nova Serrana, em Minas Gerais, onde há uma crescente produção calçadista caracterizada pela informalidade. "A concorrência é desleal. Para nós, além de queda, é coice", diz o empresário Altemir Sebastião Melo Rocha, dono da Terramaris, uma das mais estruturadas empresas da região do Cariri.

Na semana passada, Rocha deu férias forçadas por 15 dias a todos os seus 230 funcionários, devido à falta de encomendas. "Não há mais gordura para queimar. O próximo passo será demissão. São cinco anos de dificuldade, três de prejuízo no nosso caso", conta.

Antes das férias, a Terramaris estava fazendo 7 mil pares de calçados por dia, menos da metade do que fabricava antes de 2014. (...)

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