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Kakay e Joesley: Janot não aguentou a pressão

Acabou o estoque de bambu!
publicado 16/09/2017
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Rodrigo Janot ganha um arco e flecha na cerimônia de despedida da PGR - (Divulgação)

Do Uol:

Advogado minimiza peso de gravações e diz que "pressão" derrubou imunidade de Joesley Batista


Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, assumiu na semana passada a defesa dos delatores do grupo J&F.

Sua chegada coincide com uma reviravolta no caso. Depois de receberem imunidade penal total como parte do acordo de delação premiada do grupo com a PGR (Procuradoria-Geral da República), os irmãos Joesley e Wesley Batista e o executivo Ricardo Saud foram presos.

(...) Em entrevista ao UOL, Kakay diz que Janot só optou pela rescisão do acordo de delação com a J&F porque não "aguentou a pressão" da opinião pública contrária à imunidade concedida aos delatores.

"Todos nós somos humanos e sofremos quando há uma crítica muito grande e acho que infelizmente ele não resistiu a essa pressão", disse Kakay. (...) Procurado pelo UOL, Janot não quis comentar.

(...) UOL - Segundo a PGR, seus clientes omitiram gravações durante o acordo de delação premiada. Por que seus clientes omitiram as gravações?
Antônio Carlos de Almeida Castro - Ocorre que eles não omitiram absolutamente nada. O Estado fez uma homologação e, dentre os vários anexos que foram apresentados, a PGR suscitou dúvidas sobre uma pessoa, que é o ex-procurador Marcelo Miller. Eles ainda tinham prazo para entregar provas e outros documentos.

O que o senhor está dizendo é que eles não omitiram, mas que entregaram ainda dentro do prazo.
Eles têm até o dia 30 de outubro para entregar qualquer documento. Como a delação foi muito ampla, eles tinham um prazo para entregar os documentos. Esse prazo foi prorrogado a pedido do MPF, entendo que era necessário.

Mas estamos falando de gravações que foram feitas num curto espaço de tempo com o mesmo gravador. Como explicar que algumas foram entregues no início e outras não?
É muito simples. Na visão dos delatores, algumas gravações não tinham valor jurídico. Essa gravação que está sendo questionada é uma gravação de quase quatro horas e uma conversa entre amigos num bar bebendo. Por que eles entregaram? O doutor Janot diz que a entrega foi inadvertida. Não. Essa entrega foi pensada. E foi pensada dentro da lealdade dos delatores. Eles haviam gravado um determinado político...

Que político?
Eu prefiro não dizer o nome do político. Tinha um anexo específico sobre esse político. (...)

Essa gravação só tem uma coisa grave que foi o doutor Janot ter dado aquela entrevista e ter dito que ela era gravíssima porque constava ali alguma coisa criminosa contra ministros do Supremo. E rigorosamente não consta. Todos nós, operadores do direito e jornalistas, sabemos que o Janot fez uma espetacularização ao dizer aquilo. Acho que ele estava num momento difícil com alguns ministros do STF e ele trouxe essa frase que é absolutamente não verdadeira. Não existe absolutamente nada contra ministros do Supremo. (...)

A gravação contendo a conversa com o Cardozo será entregue?
Eu não conheço essa gravação. E, evidentemente, todas as gravações seriam entregues se o acordo estivesse em vigor.

O seu entendimento hoje é que ele não está mais em vigor?
Ao que tudo indica, o Janot está usurpando um poder do Judiciário. E o acordo foi levado ao ministro Fachin para ser homologado. Agora, o Janot, pelo fato de estar acabando o estoque de bambu dele para flechada, tem a ousadia de apresentar uma denúncia antes de o Supremo se manifestar. O Supremo pode, inclusive, não homologar a rescisão. (...)