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Indicado por Temer, ex-presidente do Porto de Santos acumula imóveis em Miami

Lembra da incauta estudante que denunciou o MT?
publicado 17/08/2018
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Da piauí:

Do Porto de Santos à marina em Miami


Radicado em Miami, na Flórida, há pelo menos cinco anos, o economista Marcelo de Azeredo, ex-presidente do porto de Santos e afilhado político do presidente Michel Temer, acumula um patrimônio imobiliário de 12,3 milhões de reais no Brasil e nos Estados Unidos. Azeredo, procurado pela Polícia Federal para depor no inquérito que investiga corrupção no porto paulista, também é diretor de cinco empresas no exterior: quatro na Flórida e uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, Caribe.

(...) Essas empresas são proprietárias de três apartamentos residenciais no condado de Miami: um de 645 metros quadrados vizinho a uma marina de North Miami Beach com valor de mercado de 846,9 mil dólares; outro de 570 metros quadrados no município de Aventura avaliado em 598 mil dólares; e um terceiro com área de 255 metros quadrados e valor de mercado de 431 mil dólares, em Miami. Um patrimônio imobiliário de 1,8 milhão de dólares, ou 7,2 milhões de reais, conforme a cotação do dólar do dia 14.

A esses bens de Azeredo em solo norte-americano se somam outros 5,1 milhões de reais em imóveis no estado de São Paulo. (...) Tudo administrado a distância por ele.

(...) [Em 1994, Marcelo de Azeredo] foi nomeado diretor do porto de Santos por indicação do então deputado federal Michel Temer. Era época de mudança nos portos brasileiros, com o início das privatizações dos terminais de carga, em licitações milionárias. Azeredo só deixaria o cargo em maio de 1998. No período de três anos, o patrimônio imobiliário dele cresceu 1.000%. Foi de 129 mil para 1,4 milhão de reais – todos os valores estão corrigidos para abril deste ano pelo IGP-DI.

O economista voltaria aos holofotes em 2001, quando a então estudante de psicologia Érika Santos entrou com um processo de dissolução de união estável, na Vara de Família de Santos, contra Azeredo. Ela pedia pensão de 10 mil reais mensais e, para justificar a cifra, alta para os padrões da época, os advogados da psicóloga argumentaram que o ex-marido tinha muitos bens em nome dele e de “laranjas”, adquiridos de forma ilícita. Como prova, anexaram ao processo planilhas retiradas do computador de Azeredo que sugeriam o repasse de propinas por parte da Libra e da Rodrimar, ambas concessionárias de terminais no porto, a pessoas identificadas como “MA”, “MT” e “L” – que seriam, segundo a Polícia Federal, Marcelo de Azeredo, Michel Temer e João Baptista Lima Filho, o policial militar amigo de Temer. “Lima quer participação p/ MT + MA + L (em torno de 20%)”, diz um trecho da planilha.

Com base nos documentos de Santos, a PF instaurou inquérito para apurar se houvera crimes de corrupção, fraude em licitação e evasão de divisas por parte de Temer e Azeredo – na época, a polícia desconhecia quem era o Lima que aparecia nas planilhas. Então deputado federal, Temer foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre as acusações, mas não respondeu a nenhuma.

Érika Santos acabou mudando sua versão sobre o caso. Ao ser intimada a depor, retirou todas as acusações contra o ex-marido. Ainda assim, em razão de Temer ter foro especial, a investigação foi enviada ao STF, mas só em fevereiro de 2011, sete anos após o início do inquérito. Três meses depois, em maio, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu pelo arquivamento do caso em relação ao deputado. Azeredo seguiu sendo investigado na Justiça Federal em São Paulo, em inquérito sigiloso, que também foi arquivado.

Em 2017, a Polícia Federal retomaria as investigações sobre o caso a partir de interceptações de conversas telefônicas entre o deputado Rodrigo Rocha Loures e um diretor da Rodrimar, concessionária de terminal no porto de Santos. Em março deste ano, a PF deflagrou a Operação Skala e prendeu temporariamente treze pessoas, entre elas o coronel Lima, o advogado José Yunes (ambos amigos de Temer) e o ex-diretor da Codesp Wagner Rossi. Azeredo não é investigado neste inquérito, mas desde abril o delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pela investigação, tenta ouvi-lo como testemunha, sem sucesso. (...)