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"Bancada Lemann" vai apoiar privataria da Eletrobras?

Homem mais rico da Suíça (da Su-í-ça!) financia do Novo ao PDT
publicado 22/05/2019
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Tábata Amaral, eleita deputada federal pelo PDT de São Paulo, é exemplo da "nova política" do Lemann... (Reprodução/Instagram)

Do UOL:

"Bancada Lemann": os políticos apoiados pelo 2º homem mais rico do Brasil


"Quem aqui quer ser presidente?", perguntou o empresário Jorge Paulo Lemann, segundo homem mais rico do país, em julho de 2016 a um salão com cerca de 300 pessoas. A ocasião era o encontro anual de uma rede de lideranças criada pela fundação que leva seu nome.

Entre os presentes, cerca de uma dúzia levantou a mão admitindo o desejo ambicioso. Quase três anos mais tarde, ao menos cinco deles já assumiram cadeiras na Câmara ou em assembleias legislativas nos estados.

Em comum, além de terem estudado em universidades de elite no exterior com bolsa e não terem experiência política prévia, esses parlamentares estão abaixo da média de idade das casas em que atuam (na Câmara Federal é de 49 anos), se declaram brancos, se engajaram em movimentos de renovação política, como o RenovaBR e o Acredito, e tendem a priorizar pautas voltadas à educação -- embora a perspectiva deles sobre o tema não seja necessariamente a mesma.

No Congresso, as apostas de Lemann têm se mostrado participativas em comissões, realizaram processos seletivos para formarem seus gabinetes e lançaram aplicativos para que seus eleitores acompanhem as votações.

Os cinco se candidataram por partidos diferentes e tendem a colaborar entre si no Legislativo. Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP), por exemplo, entraram com um projeto para derrubar o decreto do governo que flexibiliza porte de armas e com uma ação popular pedindo a anulação dos cortes nos repasses para universidades federais. Também formaram uma comissão para a fiscalização das atividades do MEC (Ministério da Educação).

Há divergências, no entanto, em termos ideológicos. O deputado estadual Daniel José (Novo-SP), por sua vez, diz defender o corte do orçamento para o ensino superior, embora defenda que isso seja feito de forma gradual. "Somos todos próximos. Encontramos, conversamos, tomamos café. Apesar de pensarmos de forma diferente, temos valores que unem a gente", diz.

(...) Criada há dez anos pelo empresário, a Fundação Lemann tem como carro-chefe um programa de bolsas em universidades de elite dos Estados Unidos e do Reino Unido - entre elas, Harvard, onde o magnata estudou economia em finais da década de 1950.

O objetivo, segundo explica Denis Mizne, diretor-executivo da fundação, é formar lideranças para trabalhar com impacto social no Brasil. Até então, os jovens que retornavam ao país se envolviam com organizações do terceiro setor, com a academia ou com gestão pública. Esta é a primeira geração de bolsistas, no entanto, que se volta para a política.

Durante as eleições, a instituição divulgou um posicionamento oficial reiterando ser apartidária e vetando o uso do nome e imagem de Jorge Paulo Lemann para qualquer fim eleitoral. O empresário, que mora na Suíça e é hoje presidente do conselho da fundação, não aparece como financiador de nenhuma campanha.

Nenhum dos deputados eleitos utilizou recursos do fundo partidário em suas campanhas. Para o caçula da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Renan Ferreirinha (PSB), 25, isso colabora para sua sensação de independência em relação ao partido.

No geral, as candidaturas foram financiadas majoritariamente por grandes empresários, como Nizan Guanaes, que doou R$ 79.500 para Tabata e Ferreirinha, e Abílio Diniz, que depositou R$ 50 mil para Tiago Mitraud (Novo-MG) e Daniel José. Os deputados também receberam doações de financiamento coletivo. (...)

Em tempo: sobre o plano de Jorge Paulo Lemann de passar a mão na Eletrobras (que, obviamente, se transformará em Eletrobrax), leia mais aqui, aqui e aqui.

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