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Temer veio ao mundo para ser vaiado

Dias: pelo menos desistiu de falar em "reeleição"
publicado 20/05/2018
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O Conversa Afiada reproduz da Carta Capital a sempre imperdível Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias:

Lorotas sem fim


Ninguém vem ao mundo para ser vaiado, dizia o economista Roberto Campos, ministro na ditadura, ao falar das vaias que recebeu durante a vida. Michel Temer não levou isso em conta e arriscou-se a “visitar” os escombros do edifício desabado em São Paulo. Ficou poucos minutos e saiu vaiado, protegido por guarda-costas. Cena patética.

Ao completar dois anos de um governo ilegítimo, implantado no dia 12 de maio de 2016, o ex-vice-presidente comemorou quase sozinho o suposto resgate de um país imaginário, criado após o golpe contra a presidenta legítima Dilma Rousseff.

Temer sempre faz um percurso seguro após sair de casa, o Jaburu, e seguir para o Planalto. Dois palácios onde ele fica mais à vontade cercado por seguranças. Na cerimônia comemorativa, fez um balanço a seu feitio para a plateia de dirigentes de estatais, assessores das autarquias federais, além de parlamentares da base todos dispostos a aplaudir.

O ex-vice-presidente leu, sob palmas febris, uma cartilha “com ações e resultados” em publicação, para sabor dos crentes, intitulada “Avançamos:  2 anos de vitória na vida de cada brasileiro”.

O anúncio da queda no PIB já era conhecido pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central. Temer ignorou. A má notícia foi divulgada dois dias depois do seu discurso otimista.

Antes, porém, o Planalto tropeçou na língua pátria. O slogan foi criado assim: “O Brasil voltou, 20 anos em 2”. Serviu à ironia dos internautas, transformado assim: “Temer fez o Brasil voltar 20 anos em 2”.

Sem desfaçatez, apresentou-se assim como “o responsável” pelas escolhas que fez, “sempre pensando em um Brasil maior”. Eis os exemplos contrários: redução na inflação provocada, porém, pelo desemprego; 20 mil postos de trabalho fechados em 2017; corte de beneficiados pelo programa Bolsa Família, entre outros.

Embora tenha desistido de contar certas balelas aos eleitores, como aquela de disputar a reeleição a partir de um golpe, a trajetória de Michel Temer no poder tem sido um desastre, como comprovam as pesquisas e, mais recentemente, a pesquisa CNT/MDA.

É arrasador o resultado para Temer, pessoalmente, e também para o governo. Não há avaliação positiva no âmbito da administração: saúde, educação, desempenho pessoal de Temer, avaliação do governo, desemprego, renda mensal e segurança.