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São dois Bolsonaros!

Maria Cristina analisa o que defende ditadores e o que defende a reforma
publicado 03/03/2019
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Com o auxílio de generoso amigo navegante, o Conversa Afiada reproduz trechos de uma análise afiada (sempre!) de Maria Cristina Fernandes na CBN, a rádio que troca a notícia, sobre a reforma da Previdência, essa que, como se sabe, não cura nem dor de corno:

O governo está com medo dessa batalha da comunicação. Não é uma batalha fácil e o sinal desse temor foi a escolha da deputada Joice Hasselmann do PSL-São Paulo para líder do governo no Congresso. Ela é uma campeã das redes sociais.

Mas, a despeito de ter sido uma escolha acertada do ponto de vista da comunicação, o presidente Jair Bolsonaro não vai ganhar essa guerra se não se envolver pessoalmente, como garoto propaganda da reforma da Previdência.

Não como na campanha, como querem muito dos aliados dele no Congresso. Na campanha ele foi pedra, ele foi pedra contra o pt, contra a corrupção, contra a violência. Agora, ele precisa aprender a ser vidraça. E nesse papel ele não está funcionando direito.

Se o ouvinte reparar nos dois últimos discursos do Presidente, um em rede nacional sobre a Previdência e o outro em Itaipu, quando ele chamou o Alfredo Stroessner de estadista, vai perceber que são dois presidentes diferentes.

Um perde completamente o élan diante de um teleprompter, como foi na Previdência. Ele é incapaz de demonstrar indignação frente a injustiça dos privilégios previdenciários com a mesma ênfase com que chama todos os petistas de ladrões.

Ele só mostra sua boa forma de comunicador quando encarna, de improviso, o defensor de ditaduras, como foi lá em Itaipu. Aí, ele volta aos trejeitos habituais, aperta os lábios, prende a língua e mostra os dentes. Esse jeito muito espontâneo que angaria a simpatia dos seus eleitores.

Bolsonaro se mostra muito mais à vontade chamando o Stroessner de estadista do que explicando, diante de um teleprompter, por que o país só sai do buraco se aprovar, no mínimo, uma idade mínima e a equiparação dos regimes públicos e privados da Previdência.

Mas é isso o que ele tem que fazer. As redes sociais dele aplaudem o elogio ao ditador, mas não reagem diante da defesa enfadonha que ele faz da reforma. E, quando reagem, é negativamente. Porque são redes em grande parte movidas por plateias que se sentem prejudicadas: policiais, procuradores, mas não apenas.

A comunicação não vai resolver, se o Presidente não entender que precisa ampliar o seu público. Parar de falar só para convertidos, a exemplo do que fez o ex-presidente Lula, esse personagem que ele tanto odeia, quando aprovou a taxação dos inativos lá em 2003, no início do seu primeiro mandato na presidência. Tem que buscar oposição.

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