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Santana: isolamento do PT é suicídio

Governador do Ceará, do PT: se não é Lula, é Ciro!
publicado 17/05/2018
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Ciro e Camilo, em fevereiro de 2017 (foto de Ricardo Stuckert)

O Conversa Afiada transcreve do Estadão entrevista de Igor Gadelha com Camilo Santana (PT), governador (que deve ser reeleito) do Ceará (que se soma à de Flávio Dino, Governador - que deve ser re-eleito - do Maranhão, pelo PCdoB):

‘PT não pode apostar no isolamento suicida’, diz Santana


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou em entrevista (...) estar convicto de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, não conseguirá disputar a Presidência nas eleições deste ano. Caso este cenário seja confirmado, Santana defendeu que seu partido apoie a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu padrinho político, e indique o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como vice. Segundo ele, o PT “não pode apostar no isolamento suicida”. A seguir, leia os principais trechos da entrevista:

Estadão: Como avalia a estratégia de setores do PT de insistir na candidatura do ex-presidente Lula?
Camilo Santana: Respeito a posição do partido. Sempre tenho colocado que Lula é vítima de uma grande injustiça, mas acho que o momento não é de radicalismo. Sei que o desejo de todos nós era o Lula poder ser candidato. Mas entre querer que ele seja candidato e a realidade atual existe uma ponte muito grande.

Estadão: Defende, então, o apoio do PT a outro candidato?
Camilo Santana: Parto do princípio de que o PT, sem dúvida nenhuma, é hoje o maior partido deste País. Agora, não acredito que vão deixar o Lula ser candidato. Isso é um fato. Não adianta a gente se enganar. Acho que ele poderá contribuir muito nesse processo eleitoral, mas não como candidato. Não permitirão isso. E penso que o Ciro é hoje, sem dúvida nenhuma, o principal nome para unir as esquerdas e garantir as conquistas sociais alcançadas durante os 12 anos do PT no poder. Ciro sempre foi um aliado fiel. Negar isso acho que seria injusto. Acho que o PT tem uma grande oportunidade de fazer esse debate. Não podemos nos isolar. O momento é de união, não de isolamento. O momento não é de radicalismos, isso não vai levar a nada. O momento é de reflexão, serenidade, desprendimento. Acho que quem pensa de verdade no partido, na sua história de luta, de conquista, não pode apostar no isolamento suicida.

Estadão: O que o sr. chama de isolamento suicida?
Camilo Santana: Exatamente isso. Claro que o desejo, a vontade nossa, e da grande maioria do povo brasileiro, é o Lula presidente. Desejar é uma coisa, a realidade é outra. A realidade, e estou convicto disso, é que não acredito que vão deixar o Lula ser candidato. E nós vamos estender isso até quando? Vamos prorrogar isso até quando? A partir do momento que isso acontecer, acaba o PT, talvez, ficando isolado. Essa é minha preocupação.

Estadão: E quando esse debate deve ser feito?
Camilo Santana: Agora, já preparando, pavimentando aí. Independente do que vai acontecer, acho que precisa ter essa clareza. Pode ser que a decisão dos partidos de esquerda seja cada um lançar um candidato no primeiro turno e apostar no segundo turno. Mas acredito que isso seja um risco de insucesso de uma candidatura que possa representar uma visão progressista do País.

Estadão: Setores do PT defendem outro nome do partido?
Camilo Santana: Há quase dois anos defendia que (ex-prefeito de São Paulo Fernando) Haddad fosse vice do Ciro ou vice-versa. Só acho que Ciro é uma pessoa preparada, que defende princípios e políticas de esquerda desse País. É inteligente, pensa o País e se credenciou para se colocar como uma das opções.

Estadão: O sr. apoiará Ciro, independentemente da decisão do PT?
Camilo Santana: Estamos aguardando esse diálogo. O próprio partido sabe da minha relação com o Ciro, com o Cid, uma parceria, uma relação política muito forte. É uma pessoa em quem acredito. Estou na perspectiva de construir uma aliança ainda no primeiro turno. E vou trabalhar para isso, independente de ser o PT na cabeça e o PDT na vice, ou vice-versa. Mas acho que o único nome que o PT teria para construir uma candidatura viável é o nome do Lula. Não sendo Lula, defendo que o nome seja o do Ciro e que o PT indique o vice já no primeiro turno, para que a gente possa construir e ter tempo para pavimentar, para consolidar uma candidatura forte nessas eleições de 2018.

Estadão: Já levou esse debate para o partido?
Camilo Santana: Conversei com Jaques Wagner, com governador Rui (Costa, da Bahia), com Wellington Dias (governador do Piauí), conversei também com alguns governadores que não são do PT.