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Requião: Dilma construiu uma ponte!

Ela deve ir pessoalmente ao Senado enfrentar o impeachment
publicado 16/08/2016
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Após a presidenta Dilma divulgar sua carta ao povo brasileiro e aos senadores, o Conversa Afiada entrevistou o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

PHA: Senador Requião, com essa Carta aos Brasileiros, dá para vencer no Senado?

Requião: A Dilma fez uma carta reforçando a sua inocência em relação à prática de qualquer crime de responsabilidade, defendendo o regime democrático - porque não existe impeachment na Constituição Brasileira sem crime de responsabilidade - e se propondo à retomada do desenvolvimento brasileiro, a partir de um diálogo amplo com o Congresso Nacional e com a sociedade brasileira. Ela coloca a Carta nesses termos; faz um apelo contra a quebra na Democracia, se diz orgulhosa de ser Presidenta da República do Brasil e inconformada com a injustiça que está sofrendo (e deixa claro que, até aqui, o impeachment era um artifício para utilizar um dispositivo constitucional; mas, na medida em que se prova à exaustão que não há crime de responsabilidade, o impeachment se transforma num Golpe contra a Democracia e a Presidenta da República).

PHA: Essa Carta é decisiva para a derrota do impeachment no Senado?

Requião: Ela, na verdade, abre uma porta, se propõe ao diálogo e pelo teor da carta, certamente, ela virá pessoalmente fazer a sua defesa no dia do julgamento do impeachment.

PHA: Mas o senhor não respondeu à minha pergunta...

Requião: A Carta não aprofunda as medidas econômicas que ela poderia tomar a partir de agora. A Carta se baseia, fundamentalmente, na defesa do processo democrático e da injustiça que cometem contra uma Presidenta que não cometeu crime - e a vontade de retomar o desenvolvimento brasileiro em parceria com a sociedade civil (que ela chama de "forças vivas da Nação" e o Congresso Nacional.

PHA: Mas ela fala, também, em aceitar a ideia de um plebiscito para a realização de novas eleições...

Requião: Ah, sem dúvida alguma! É claro que ela apoiará, de todas as formas, a iniciativa do plebiscito, que deve desaguar na mudança do sistema político e na antecipação da eleição direta para Presidente da República.

PHA: Então, de novo, a minha pergunta: esse argumento do plebiscito por reforma política ajuda a dissuadir algum senador indeciso e vacilante?

Requião: Para usar uma linguagem eclesiástica, eu diria que é uma Carta pontifícia: ela tenta estabelecer uma ponte do Executivo com o Congresso Nacional. O pontífice é, acima de tudo, um fazedor de pontes.