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Plano dos EUA: derrubar Maduro para privatizar a Venezuela!

Intercept descobre como neolibelistas querem se esbaldar com o Golpe
publicado 18/04/2019
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Manifestante contra o Golpe em Caracas: "Atacam por petróleo" (Crédito: Ariana Cubillos/AP Photo)

O Conversa Afiada reproduz do Intercept trecho de reportagem de Rafael Moro MartinsRyan Grim:

O plano bilionário secreto estimulado pela Casa Branca para reprivatizar a Venezuela pós-Maduro


O PRINCIPAL FINANCIADOR
 de investimentos na América Latina e no Caribe colocou secretamente em circulação documentos nos quais prevê a injeção de até 48 bilhões de dólares na economia da Venezuela caso o presidente Nicolás Maduro seja derrubado do poder.

O Intercept obteve os documentos, confidenciais e confeccionados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, que tem como principal acionista o governo dos Estados Unidos.

Intitulados “Venezuela: desafios e oportunidades” e em formato de apresentações de slides, são assinados pelo secretariado do banco – responsável por assessorar o conselho de representantes dos países sócios do banco e a diretoria-executiva – e circulam em duas versões, uma de 11 e outra de 27 páginas.

Ambos detalham um plano de quatro anos para reconstruir a economia do país e abri-la a corporações estrangeiras, via privatizações e parcerias público-privadas, inclusive no setor de petróleo.

Duas fontes, no Brasil e nos Estados Unidos, confirmaram a autenticidade deles – uma terceira disse estar a par do plano relatado nos papéis. O Intercept não irá publicar os documentos para preservar a segurança das fontes.

As ações prioritárias do plano detalhado nos documentos do BID incluem fortalecer o sistema bancário, eliminar obstáculos para empresas privadas, financiar investidores internacionais e estabelecer uma nova legislação para reprivatizar empresas estatizadas pelo governo venezuelano.

Datado de 15 de março, o plano é dirigido a diretores-executivos do BID e também do BID Invest, o braço de investimentos no setor privado do banco. A oferta de financiamento bilionário serviria como isca para governos e corporações internacionais apoiarem a tentativa liderada por Washington de derrubar Maduro. Internamente, a promessa de dinheiro injetaria confiança na comunidade empresarial venezuelana, apoiadora de políticos de oposição como Leopoldo López, Henrique Capriles e, mais recentemente, Juan Guaidó, o líder da oposição e autoproclamado presidente interino.

Maduro tem repetido que o colapso econômico do país é resultado de sanções e ataques financeiros coordenados conduzidos pelos Estados Unidos. A descoberta do plano liderado pelo BID dará força ao discurso do chavista.

A injeção de dinheiro e as medidas descritas nos documentos têm potencial para favorecer a troca de poder na Venezuela. Se tudo sair conforme planejado, as melhorias no cotidiano dos venezuelanos permitiriam a Guaidó – ou a quem vier a suceder Maduro – reivindicar a paternidade da assistência internacional que é negada ao chavista. Em troca, o país veria seu patrimônio público minguar.

Os documentos não mencionam o valor total de 48 bilhões de dólares. O Intercept chegou a ele somando os investimentos necessários nas três “áreas chave para recuperação” listados nos documentos pelo BID. Para cada uma delas, há três fases – a primeira, de até um ano de duração, e as duas seguintes, que somam três anos. Adicionamos os investimentos estimados na primeira fase aos totais anuais das fases dois e três para chegar aos US$ 48 bilhões.

A soma é enorme para os padrões do BID. Em 2018, o organismo desembolsou US$ 11,3 bilhões em empréstimos, ou seja, quase o que Venezuela demandaria sozinha apenas nos 12 meses seguintes à derrubada de Maduro: US$ 10,8 bilhões, na avaliação do banco, segundo os documentos.

Em resposta a perguntas do Intercept sobre os documentos e os valores mencionados neles, um porta-voz do BID disse o seguinte: “Embora eu não tenha visto os documentos, o valor provavelmente se refere a um pacote de empréstimos ou assistência muito maior, envolvendo muitas instituições, e não apenas as operações financiadas pelo BID. [Os US$ 48 bilhões] São quase três vezes o que o BID aprova em um único ano”.

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