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MP: Aécio tentou interferir em acordo de empreiteira com a Lava Jato

"Aqueles motoqueiros malucos que falaram qualquer coisa..."
publicado 31/05/2017
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Do Globo:

O interlocutor identificado como “Moreno” em conversa com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) que, segundo o Ministério Público, recebeu instruções do tucano para tentar interferir no recall do acordo da Andrade Gutierrez com a Lava-Jato, é Eduardo Wanderley, amigo próximo de Aécio e empresário da construção civil em Belo Horizonte, segundo apurou O GLOBO. A identidade do interlocutor era um mistério para a Lava-Jato, que citou a conversa no novo pedido de prisão contra o político mineiro levado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em conversa registrada no último dia 29 de abril, Aécio pede a Wanderley que observe a edição do dia do jornal “O Estado de S. Paulo”, que trazia informações sobre a decisão de executivos da Andrade Gutierrez de se antecipar e procurar a Lava-Jato para falar sobre pagamento de propina na Usina de Santo Antônio, informação que tinha acabado de ser tornada pública. A obra envolve pagamentos para Aécio, segundo outra colaboradora, a Odebrecht.

“Eu tô sem nenhuma...sabe... informação que, que por conta daquelas coisas, daqueles malucos lá, sabe?”, diz Aécio ao amigo, em conversa onde, para a Polícia Federal (PF) e o MP, o tucano finge falar sobre um passeio de moto, um dos hobbies preferidos do senador, praticado com seu grupo mais restrito de amigos. “Aqueles motoqueiros malucos que falaram qualquer coisa. Em vez de chamar, eles resolveram se antecipar, sabe?”, afirma o tucano a Wanderley, que responde: “Eu falo com ele.. Ele está por aqui. Eu falei com ele ontem”.

Aécio pede ao amigo que verifique se a viagem “vai ser mais longa” ou está mantido “aquele trajeto que a gente tinha combinado”. Quer saber se tem “alguma coisa nova” e enfatiza duas vezes que Wanderley trate do tema pessoalmente com o “cara”, que investigadores entendem ser alguém da Andrade Gutierrez, ainda não identificado. “Você entendeu, né?”, encerra Aécio, que não usa o próprio telefone na conversa, e sim o de um assessor, o que para a PF reforça a tese de que se trata de conversa cifrada.

"Pelo diálogo acima transcrito com o interlocutor chamado Moreno, resta claro que o senador busca apoio junto ao seu interlocutor para obter informações sobre o conteúdo dessas colaborações, visando, evidentemente, a evitar que os fatos na sua extensão devida sejam trazidos ao conhecimento do Ministério Público Federal”, escreveu o procurador-geral da República Rodrigo Janot no novo pedido de prisão de Aécio enviado ao STF.

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