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Mangabeira defende "apoio condicionado" a Haddad

Assessor de Ciro acusa Lula de, na cadeia, isolar e destruir Ciro
publicado 05/10/2018
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O candidato não pode ser um braço do Lula (Reprodução: Rede Globo)

Do PiG cheiroso:

Mangabeira Unger defende "apoio condicionado"


Professor da Universidade de Harvard e um dos coordenadores do programa do candidato Cirо Gomes (PDT), Roberto Mangabeira Unger, 71 anos, diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou sistematicamente, a partir de sua cela em Curitiba, para "isolar e destruir" a candidatura do pedetista à Presidência. Para ele, o ex-presidente preferiu "arriscar perder o poder para a direita do que perder sua hegemonia na esquerda".

Mangabeira passou as últimas semanas licenciado da universidade americana para dedicar-se à campanha de Cirо Gomes, sediada em São Paulo. (...)

Ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Lula (2007-2009), Mangabeira afirmou que a atuação de Lula para isolar Ciro resultou numa grande escassez de recursos para a candidatura pedetista, como tempo de televisão e aparato político. "Ele orientou seguidores a procurar partidos de esquerda oferecendo retirar candidaturas locais do PT, não em troca de apoio [ao PT], mas em troca de não apoio a Ciro", disse.

Segundo Mangabeira, esse seria um dos fatores para a dificuldade de Ciro Gomes transferir ao primeiro turno a competitividade que exibe no segundo turno nas pesquisas de intenção de voto, quando venceria todos os demais adversários. Para ele, outra dificuldade da campanha do presidenciável teria sido transmitir ao "povão" sua mensagem de mudança estrutural, que não seria intuitivamente compreensível para a maioria dos trabalhadores e pobres do país.

Apesar de as recentes pesquisas de intenção de voto indicarem um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), o filósofo e teórico social disse perceber indícios de uma migração de votos úteis para a candidatura de Ciro. Esses votos estariam saindo de outros candidatos e dos indecisos, deixando o jogo eleitoral em aberto. Ele defendeu lutar pela eleição de Ciro até o "último momento".

"Há indícios nos últimos dias da campanha que as placas tectônicas estão se movendo e está ocorrendo uma migração de voto útil para o Ciro", disse Mangabeira. "São de duas fontes: dos dois candidatos hoje aparentemente liderantes, Bolsonaro e Haddad, mas também dos outros. Da grande maioria dos indecisos, das bases de apoio das candidaturas chamadas de centro. Há indícios de que essa imigração está ocorrendo".

Na hipótese de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, que chamou de um "cenário indesejável", Mangabeira disse que pretende lutar por um "apoio condicionado" ao ex-prefeito de São Paulo. Um das condições seria a mudança programática do candidatura do petista. "Não merece apoio se oferecer ao país a continuação do lulismo, do projeto do PT no poder", disse ele, acrescentando que se trata de posição pessoal e não fala em nome de Ciro e do PDT.

Ele também condicionou esse apoio a uma espécie de mudança de postura da campanha petista. "Se for para ser uma convergência de forças, não pode o candidato ser um braço de Lula, com uma campanha dominada apenas pelo aparato petista e do ex-presidente. Tem que refletir genuinamente as preocupações capacitadoras e produtivistas desse conjunto maior de forças", afirmou. (...)