Política

Você está aqui: Página Inicial / Política / Choram com Lula aqueles que resistem ao cinismo!

Choram com Lula aqueles que resistem ao cinismo!

Emiliano José: pelear sempre, porque as hienas estão à solta!
publicado 02/03/2019
Comments
Untitled-10.jpg

Lula chega ao cemitério em São Bernardo do Campo onde se despede do neto Arthur neste sábado, 2/III (Reprodução/TV Globo)

O Conversa Afiada tem o prazer de publicar reflexão do jornalista, historiador e ex-deputado federal pelo PT da Bahia Emiliano José:

Walking Around


Morreu o menino.

As hienas, à solta.

Walter Benjamin: civilização e barbárie são uma só coisa.

Marxista da melancolia - disseram-no.

Talvez.

Fez mergulhos na alma.

Monstros - Gramsci falou deles: o que é antigo resiste a morrer, o que é novo não tem forças ainda pra nascer, e nesse interregno aparecem todos os monstros, à vontade para expor toda sua maldade.

Estão à solta, certos de que este é seu tempo - e é.

Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas do meu cabelo e até da minha sombra - Neruda nos encontra cansados.

Acontece que me canso de ser homem -o poeta gritou.

A indignação, a raiva a ferver o sangue, são amortecidas pelo cansaço.

Cansaço de ser homem.

Seria belo ir pelas ruas com uma faca verde e aos gritos até morrer de frio.

Ou matar uma freira com um soco na orelha.
Neruda caminhava irritado.

Os monstros olham para o velho homem cansado mergulhado em lágrimas pela perda do menino e se divertem, experimentam o gozo.

Freud olha de longe e afirma: tudo humano.

A mim sempre me irritou quando alguém se refere à tortura como desumana.

Demasiadamente humana, só os humanos se divertem a torturar - o sadismo é próprio do ser que tomou consciência de si mesmo.

Passeio calmamente com olhos com sapatos com fúria e esquecimento passo atravesso escritórios e lojas ortopédicas e pátios onde há roupa pendurada num arame cuecas toalhas e camisas que choram.

Com Neruda, choramos.

Choramos com Lula, os que não fomos submergidos pelo cinismo, os que sempre estivemos distantes do ódio fascista.

Os que ainda somos paixão - compaixão.

Os que somos irmãos de nossos irmãos -fraternidade.

Os que, ainda que por um átimo acompanhem o poeta e se cansam de ser homem, não esquecem nunca: as trevas são sempre vencidas pela luz solar.

Os que têm consciência de que se há monstros capazes de querer matar o rei Arthur muitas vezes, há muitos outros empenhados em lutar por um mundo em que sejamos irmãos dos nossos irmãos. Sem nunca desistir.

Pelear sempre!

registrado em: , ,