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Bolsonaro se senta na boleia do fascismo

O novo chanceler parece chefe do Reverendo Moon
publicado 17/11/2018
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Otávio Mangabeira beija o general Eisenhower no Congresso Nacional em 1946, cena que se repetirá no mesmo Congresso em 2019 (Créditos: Ibrahim Sued)

O Conversa Afiada publica novo artigo de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:

Cada país tem suas características. No Brasil, uma das que mais chamam a atenção é a máxima: o que é ruim sempre pode piorar.

O país caiu nas mãos de um alucinado, que de fato já assumiu o governo. Que Jair Bolsonaro é de extrema-direita, nenhuma novidade. Que é desequilibrado pessoalmente, tampouco. Que é ignorante e despreparado, muito menos.

Mas mesmo tais parâmetros parecem modestos para descrever o momento atual. O Brasil está sendo entregue ao que há de mais rasteiro em todos os campos, sem exceção.

Uma das nomeações mais recentes assemelha-se às decantadas fake news. Só que é de verdade.

O novo chanceler, inclusive nas fotos, lembra chefes de seita como Charles Manson, reverendo Moon, Jim Jones e daí por diante. Nem o senador Joseph McCarthy, ícone do anticomunismo, seria capaz de professar as ideias reacionárias que Ernesto Araújo defende abertamente. Até deus, que ele cita em profusão, deve estar com vergonha alheia. Sobre a infâmia restante, já se discorreu o suficiente. Mourão, Moro e quejandos –só falta o Mourinho ser nomeado técnico da seleção (o que, perto dos outros citados, talvez não fosse má ideia).

Ninguém tinha dúvidas de que o capitão era o representante dos interesses mais mesquinhos do grande capital, tanto o cheiroso quanto aquele que fede. A esse respeito, registre-se o cinismo dos tucanos e suas cercanias, na mídia e fora dela, quando demonstram “estranheza” diante da escolha de Araújo. Como se Bolsonaro não tivesse sido apoiado em bloco por esta gente com o objetivo de pisotear qualquer resquício de conquistas sociais.

Só que a história, embora possua regras próprias –ou então o feudalismo não teria sido suplantado pelo capitalismo em certa época--, é feita por gente de carne e osso. E isso faz diferença, como faz. Estamos diante de mais um exemplo.

Não é necessário bola de cristal para antever o tamanho da tormenta que está por vir. Não somente pela equipe de primitivos montada para dirigir um país com a importância do Brasil. Mas pelo termômetro dos indicadores que regulam a vida do povo. As vendas despencam, o desemprego grassa (o que se tenta disfarçar com termos como “desalentados”, “informalidade” e outras mentiras parecidas), a inadimplência dispara, os serviços públicos apodrecem.

O alinhamento colonial do Brasil com o governo do “deus Trump”, assim chamado pelo novo chanceler, já cobra seu preço. A substituição do programa Mais Médicos pela realidade de Mais Doentes é apenas a ponta do iceberg de uma política de liquidação em regra da soberania nacional. Simbolicamente, só encontra paralelo no beijo subserviente de Otavio Mangabeira, da UDN (o PSDB da época), na mão do general americano Eisenhower em pleno Congresso brasileiro.

Com uma diferença a confirmar que, por aqui, tudo pode piorar. O militar americano, mal ou bem, posava de garoto propaganda da derrota do fascismo. Trump trafega ostensivamente no sentido contrário. Com Bolsonaro na boleia.
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