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Bolsonaro: "se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro"

Presidente acredita que investigação contra seu filho é um abuso!
publicado 22/12/2019
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Bolsonaro recebeu jornalistas na beira da piscina do Palácio da Alvorada (Reprodução: Rede Globo)

Na manhã deste sábado 21/XII o presidente Jair Bolsonaro recebeu jornalistas de diversos veículos para uma conversa no Palácio da Alvorada.

Foi uma tentativa de desfazer o mal-estar causado pelo próprio Bolsonaro, um dia após o chilique presidencial contra profissionais da imprensa, após ser questionado a respeito da operação do Ministério Público contra seu filho Flávio.

Foi um bate-papo com ares de informalidade, à beira da piscina do Alvorada. O presidente trajava uma camisa do Flamengo - a final do Mundial de Clubes aconteceria em poucas horas - e, como notou Mateus Vargas, do Estadão, tentava afastar com tapas as moscas que rondavam.

Cinegrafistas não puderam participar do evento. Os repórteres gravaram a entrevista com o celular.

Um dos presentes questionou Bolsonaro sobre as ofensas proferidas contra um repórter do Globo na sexta-feira 20/XII. Na ocasião, o presidente afirmou que o jornalista "tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual".

Logo depois, ao ser indagado sobre a existência de um comprovante de um suposto empréstimo feito a Fabrício Queiroz, pivô do escândalo das "rachadinhas" e ex-assessor de seu filho Flávio, Bolsonaro reagiu de forma enlouquecida: "pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?".

Bolsonaro não pediu desculpas. Mas assumiu o erro: "não devia ter falado".

Na sequência, entretanto, fez pouco caso sobre a situação: disse que a imprensa o "provoca" para ter manchete e aproveitou a deixa para, mais uma vez, faz uma "piada" sobre tortura: para ele, sua relação com a imprensa "é igual futebol. Ali na frente, de vez em quando, você mande seu colega para a Ponta da Praia. Depois vai tomar uma tubaína com ele".

A "Ponta da Praia" é uma referência à base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro - um local utilizado durante a Ditadura Militar para a tortura e execução de ativistas políticos.

Bolsonaro também criticou as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. Para ele, o caso deveria ser federalizado - ou seja, o caso deveria ser retirado das mãos da Polícia Civil do Rio de Janeiro e enviado para a Polícia Federal, sob controle do ministro da Justissa Sérgio Moro. Jair Bolsonaro, entretanto, assume que tal atitude poderia ser interpretada como "um indicativo de que querem me blindar com a Polícia Federal".

Em novembro, foi divulgada a informação de que a Polícia do Rio de Janeiro cogita o envolvimento de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, no assassinato de Marielle. Assessores do parlamentar já foram convidados para prestar depoimento sobre o caso.

O presidente criticou a atuação do MP contra Flávio Bolsonaro. Para ele, o processo "está sendo um abuso" que cria, sem necessidade, "um estardalhaço enorme". "É assim que deve se comportar o Ministério Público? Vou até fazer uma questão sobre o abuso de autoridade, vetos derrubados. Se chega esse ponto. Todo poder deve ter um controle. Não é só o Executivo", afirma Bolsonaro.

Ele continua: "quem está feliz com essa exposição absurda na mídia? Alguém está feliz com isso. Agora, se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro".

Em tempo: "aloprar", na definição do dicionário, significa "tornar-se inquieto", "ficar maluco", "endoidecer"...

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