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Bolsonaro em pele de cordeiro

Quem acredita? Pergunte aos bancos, ao Queiróz e à multidão de desempregados
publicado 24/05/2019
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Conversa Afiada reproduz artigo sereno (sempre!) de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier: 

De repente, não mais do que de repente, Jair Bolsonaro abaixou o tom e agora tenta convencer a todos que é o apóstolo do diálogo, da coexistência pacífica, do respeito ao Congresso e à democracia.

Fritou Sérgio Criminoso Moro publicamente nesta quinta-feira ao aceitar, pelo menos de boca, que o COAF saia da jurisdição do ex-juizeco de Curitiba. Antes disso, já havia voltado atrás na declaração de que Moro tinha lugar assegurado no Supremo.

Bolsonaro pode ser ignorante, como é de fato, mas não é bobo. A sequência dos fatos não deixa dúvidas.

No dia 15, milhões de brasileiros foram às ruas para protestar contra sua política de destruição do Brasil. No Congresso, o tenente-capitão não conseguia aprovar nem a mudança de móveis no Planalto. A economia se dissolve a olhos vistos.

Entre os militares, sua capacidade de liderança raspa o chão. Bolsonaro tentou esconder a coleção de derrotas reforçando o discurso moralista, armamentista, messiânico. Recorreu até à ajuda de um pastor do Congo baseado em Paris. Fracassou. Enquanto isso, a elite gorda passou a discutir abertamente como se livrar do encosto.

O pano de fundo: existe um processo em curso contra seu filho que, se levado a sério e até às primeiras consequências, tende a provar que o Brasil foi entregue a uma ... de larápios cúmplices de milicianos fora da lei. É uma conjectura, a ser provada na Justiça, que assombra a famiglia no Planalto. A propósito, onde está Fabrício Queiróz?

Tirar o COAF de Moro, flertar com Raquel Dodge e fumar o cachimbo da paz com Rodrigo Maia faz parte da nova tática. Idem com relação às últimas declarações sobre as “manifestações” do dia 26, um fracasso anunciado. Trata-se de salvar a famiglia e a si próprio, Jair Bolsonaro.

Ele parece ter percebido que a caneta caiu na sua mão apenas por acaso, mas com um único objetivo: rifar o Brasil a preço de ocasião. O fim da aposentadoria é um primeiro teste verdadeiro. Se ele não servir para isso, a lâmina da guilhotina descerá sem clemência. Com ele irão as cabeças da prole e até da mulher.

Isso é o que verdadeiramente importa nos lençóis do Alvorada. O Brasil hoje é pedra preciosa no cenário mundial.

Recolonizar o país é o fim manifesto dos abutres internacionais. Bolsonaro não passa de capataz de Paulo Guedes, que acha que o país gasta muito com o social.

O que está em jogo é liquidar a Petrobras, lotear a Amazônia e suas riquezas, dizimar o Minha Casa, Minha Vida, entregar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e eternizar regras trabalhistas e de aposentadoria à moda da semi-escravidão. Acabar com o BNDES. Destruir a universidade livre e gratuita, desocupar as faculdades de gente pobre, idiotizar o ensino básico e até disseminar o HIV. Bater continência à bandeira americana. Distribuir armas a granel, embora grave e inadmissível, é a cereja do bolo.

As forças progressistas não podem cair neste canto de sereia. A famiglia Bolsonaro quer salvar a própria pele. Tanto que a “equipe de governo” pouco se refere aos cerca de 40 milhões de desempregados que de fato vagam pelas ruas, às famílias desesperadas incapazes de garantir ao menos o café da manhã, aos homens, mulheres e jovens relançados ao estado de miséria, à lenha e ao carvão.. Que programa ou projeto foi anunciado para esta gente?

O dia 15 de maio mostrou o caminho. 14 de junho deve ser um novo marco com uma greve geral ainda maior do que a de abril de 2018. Nada de ilusões com conchavos no Congresso ou lágrimas de crocodilo. A história se move nas ruas.

Joaquim Xavier