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Por que a Grécia foi à Direita. Pra pegar o FMI !

Se o programa grego tem um defeito é não ser mais radical.
publicado 22/01/2015
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Na “terra desolada” em que o provincianismo do PiG transformou o pensamento brasileiro, é possível ter a impressão, nessa terça-feira (27/01), de que a vitória do esquerdista  Tsipras na Grécia perdeu a “pureza”, já que ele se aliou à Direita xenófoba.

Para dissipar a treva pigal, nada como o professor Luiz Felipe de Alencastro, no UOL:

Vitória da esquerda radical na Grécia representa mudanças na UE


(…)

Outro ponto de destaque é a composição do novo governo. Nesta segunda-feira (26), tudo indica que Alexis Tsipras, líder da Syriza, assumirá o posto de primeiro-ministro com o apoio do partido de direita GI (Gregos Independentes), que obteve 13 deputados. GI é dirigido por Panos Kammenos, cristão ortodoxo que exprime opiniões xenófobas.

Junto com os 149 deputados eleitos por Syriza, os dois partidos darão uma confortável maioria ao governo de Tsipras (o regime parlamentar do país é monocameral, não tendo portanto Senado). No quadro europeu, o GI é um partido "soberanista", afiliando-se aos partidos de direita e de esquerda de diversos países da UE que propugnam pela soberania nacional e pela redução das instituições europeias.

Desse modo, em vez de aliar-se com os centristas do partido O Rio (Potami, com 17 deputados) ou com os comunistas (KKE, que elegeram 15 deputados), mais próximos de seu programa social, Tsipras optou pelo apoio dos eurocéticos conservadores do GI. Sinal de que o embate principal de seu governo será com os dirigentes da UE, o Banco Central Europeu e o FMI, visando a renegociação da dívida externa grega.

(…)

Navalha

Ainda sobre a vitória da esquerda radical na Grécia – a que pode jogar a bola nas costas do Lula, em 2018 - , convém ler o Prêmio Nobel Paulo Krugman, no New York Times:

Se o programa do Tsipras tem um defeito é não ser mais radical ainda contra a tróica: o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o FMI (Oh ! O FMI que o PSDB visitou três vezes, sem sapatos ! - PHA).

Segundo Krugman, essa tríade tucana é a responsável pelo pesadelo grego.

Ela produziu o que ele chama de “fantasy economics”, ou, em bom português, “economia da bolinha de papel”...

“E se tem um problema com os planos do Syriza é que, talvez, não seja radical o suficiente … Tsipras é bem mais realista do que os funcionários (da tróica) que pretendem continuar a espancar a Grécia. O resto da Europa deveria dar a ele uma chance de acabar com o pesadelo de seu país.”

If anything, the problem with Syriza’s plans may be that they’re not radical enough. Debt relief and an easing of austerity would reduce the economic pain, but it’s doubtful whether they are sufficient to produce a strong recovery. On the other hand, it’s not clear what more any Greek government can do unless it’s prepared to abandon the euro, and the Greek public isn’t ready for that.

Still, in calling for a major change, Mr. Tsipras is being far more realistic than officials who want the beatings to continue until morale improves. The rest of Europe should give him a chance to end his country’s nightmare.

 



Em tempo: é claro que a avaliação de Krugman terá de se submeter à da Urubóloga, que ainda não deu seu parecer sobre o Tsipras – nem sobre o Piketty …

Em tempo2: a colona (ver no ABC do C Af) do Ataulfo Merval (também no ABC do C Af) sobre a Grécia é um um delírio. Parece mistura de Alexandre da Macedônia com a Imperatriz Dowager C'ian, da dinastia Qing.


Paulo Henrique Amorim