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O que explica Sartori e o RS

Sartori revive o mito do "gringo da colônia".
publicado 06/10/2014
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Elmar Bones:


Desenhou-se o pior cenário para Tarso Genro no Rio Grande do Sul. Sua campanha parece ter esquecido experiências anteriores, quando a disputa se polarizou e um terceiro concorrente, Sartori, longe do embate entre os dois favoritos, correu por fora e ganhou a eleição. Com Germano  Rigotto, em 2002, aconteceu exatamente isso.


A candidatura de Ana Amélia ( que se elegeu senadora com votação espetacular em sua primeira eleição, em 2010), apoiada pelas forças conservadoras, com a mídia à frente, pareceu imbatível em certo momento e o PT acreditou nisso. Concentrou-se nela, descuidando do "gringo" que com sua imagem de bonachão, seu discurso quase simplório, foi fazendo a feira.


Esse "mito" do "gringo da colônia", homem simples, trabalhador, honesto, temente a Deus, já causou grandes dissabores às forças de esquerda no Rio Grande do Sul. O exemplo histórico é o de Ildo Meneghetti, um apagado engenheiro que entrou na política aos 52 anos e derrotou as principais estrelas do trabalhismo na época - Alberto Pasqualini e Leonel Brizola. Sua eleição para governador em 1962, abriu caminho para o golpe militar que derrubou Jango em 1964.

A região colonial, que cobre a metade norte do Estado, é a mais industrializada e mais desenvolvida, em contraste com as áreas estagnadas da metade Sul. Eleitoralmente mais densa, ainda tem uma grande influência do clero conservador, medularmente anticomunista e, por decorrência, antipetista.


As denúncias que a semanas do pleito atingiram a imagem de Ana Amélia, de moralidade e austeridade, "alarmaram os gansos". O antipetismo percebeu que ela seria uma adversária frágil no segundo turno e jogou suas fichas no "gringo", que surgiu como uma candidatura vacilante, com um PMDB dividido (seu slogan era "Meu partido é o Rio Grande") e agora torna-se um adversário temível, para dizer o mínimo.


Olívio Dutra, o líder mais popular do PT gaúcho atualmente, respeitado para além dos limites do partido, talvez tenha errado a mão nos ataques a Lasier Martins, filho de um ferroviário que estréia na política aos 70 anos. Os primeiros ataques, quando chamou Lasier de puxa-saco dos empresários, renderam-lhe muitos votos, sem dúvida. Mas errou ao insistir nessa tecla até o final da campanha, quando já havia ultrapassado o concorrente.


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Elmar Bones é da equipe pioneira da Veja (quanto se podia, na frente de senhoras, dizer que trabalhava na Veja), fundou o Coojornal em Porto Alegre, uma das experiencias mais empolgantes do jornalismo brasileiro, fechado pelos militares,  e, depois o Já. Recentemente, publicou o livro “Uma reportagem, duas Sentenças”, da “Já Editores”, sobre a batalha que trava na Justiça contra a tentativa de Germano Rigotto de fechar o Já e impedir Elmar de trabalhar.



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