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Proteger consumidor = anistiar narco-traficante

Saiu no Globo: "Pelo menos 64% dos municípios dizem já sofrer problemas graves com disseminação da droga."
publicado 07/11/2011
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Saiu no Globo:

"Crack atinge saúde das cidades. Pelo menos 64% dos municípios dizem já sofrer problemas graves com disseminação da droga."


A conclusão é de uma pesquisa da Comissão Nacional de Municípios a ser divulgada nesta segunda feira e que o Globo antecipou na página 3 de sábado.

Navalha

O crack é um questão de saúde pública.

Na derrotada campanha de 2010, o Padim Pade Cerra anunciou que ia criar um Ministério da Segurança.

(Depois de soube que a ideia, na verdade, era de um lobbista que trabalhava para Daniel Dantas.)

(Foi o que revelou a revista Epoca (da Globo), que tem o privilégio de receber os vazamentos da Operação Satiagraha II, sob controle do delegado Saadi.)

(Seria outro ideia original do Padim: assim como o programa anti-Aids, do Dr. Jatene, e os genéricos do Ministro Jamil Haddad.)

Na mesma campanha, o Padim localizou na Bolívia a matriz dos problemas da droga no Brasil.

Sao métodos de combate à droga e ao tráfico que nao resistiram à Quarta Feira de Cinzas.

Resta à oposição recorrer ao baú do Farol de Alexandria.

Com a desorganização do Estado Neolibelês (*), a oposição está encalhada no udenismo moralista - e no baú do Farol.

Sobre o grave problema de Saúde Pública do crack, o Farol de Alexandria - aquele que iluminava a Antiguidade e desapareceu num terremoto, em Wall Street, em 2008 - fez uma aliança reveladora.

Subiu na garupa do Ernesto Zedillo, que foi presidente do Mexico de 1994 a 2000, pelo PRI, o partido que instalou aquilo que Vargas Llosa chamou de "ditadura perfeita".

Zedillo hoje trilha obscura carreira de executivo de segunda linha de empresas financeiras americanas.

Um Toni Blair latino.

Para sair da obscuridade, Zedillo passou a liderar movimento tão caro aos mauricinhos americanos: passar a mao na cabeça dos consumidores de droga.

Com o argumento de que o combate policial fracassou.

É uma política que nao entra na Cracolandia, esse monumento à incompetência dos governantes - e representantes da elite - de Sao Paulo.

Que não enfrenta a questão de Saúde Pública que assola uma parte progressivamente significativa dos pobres brasileiros.

É uma pirueta mediática, de livre trânsito nos Estados Unidos, lado-a-lado com o Verdismo Esclarecido.

Porém, este ansioso blogueiro tem uma suspeita, construída enquanto esteve no México: passar a mão na cabeça do consumidor é uma forma de anistiar o traficante.

Quem foi o Presidente Zedillo ?

Segundo o livro "El narco em Mexico", do jornalista Ricardo Ravelo, da editora Grijalbo, editado no Mexico neste ano, o passado condena Zedillo.

Entre 1993 e 1997 montou-se a poderosa estrutura do cartel de Juárez , com base em Cancun, onde brasileiros e americanos pensam que se pratica o negócio do turismo.

El jefe era Amado Carrillo.

Ele construiu estradas, aeroportos e uma estrutura logística de distribuição só replicada hoje pelo cartel de Sinaloa, de Joaquín Guzmán, el Chapo.

Zedillo presidia o México e Carrillo, Cancun.

Carrillo governou Cancun com a infatigável ajuda de Liébano Sáenz, secretário particular do presidente Zedillo.

Sáenz recebeu US$ 60 milhões de Carrillo.

E protegeu o cartel de Juárez em troca do compromisso de Carrillo: não vender droga a mexicanos.

Só a americanos.

Um patriota !

A revelação do suborno de Sáenz é obra de três correspondentes do New York Times.

Porque na Polícia Federal, na Justiça e na Procuradoria da República mexicana foi impossível incriminar o secretário particular do Presidente Zedillo.

Segundo Ravelo, Zedillo deixou de herança o sucessor, Fox, "uma teia de cumplicidades e contubérnios e a contaminação de dependências federais pelo narco-trafico".

Foi essa estrutura infectada que deu fuga a el Chapo, quando Fox não tinha um ano na Presidência.

Dez anos depois, el Chapo está livre e no Mexico.

O fracasso dos não-priistas Fox e Calderon no combate ao narco-tráfico pode levar o PRI de Zedillo de volta ao poder na eleição do ano que vem.

Segundo Vargas Llosa, o PRI vai fazer um acordo como o narco-tráfico.

Algo assim: você não vende a mexicanos e nós te damos anistia não declarada.

No México, Zedillo é um ilustre desconhecido.

Se subir num palanque para dizer que a melhor política é passar a mão na cabeça de consumidor de droga, é capaz de sair correndo, debaixo de ovos e tomates.

Aqui, levam o Farol a serio.

Menos este ansioso blogueiro, para quem passar a mão na cabeça de consumidor significa anistiar narco-traficante.

Colocar a pedra em cima.

Pedra de crack.

 




Em tempo: sobre a "ineficácia" do combate policial ao narco-tráfico, leia: Como a polícia americana desmontou quadrilha que levava maconha do México para os mauricinhos do Arizona. A propósito da relação do México com o narco-tráfico, leia também: "A Alca que o FHC queria para o Brasil - você me dá a tua soberania e eu compro a tua cocaína".


Paulo Henrique Amorim


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.