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E quem indicou a Dilma ?

Navegante de longo curso, o Vasco desembarca na Baia Cabralia, onde se instala habitualmente
publicado 19/08/2011
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Navegante de longo curso, o Vasco desembarca na Baia Cabralia, onde se instala habitualmente.

( Suspeita-se que o Vasco descenda de um dos dois degradados que Cabral ali deixou, a caminho das Índias.)

O Vasco telefona assustadíssimo.

- O PiG (*) só faz dizer que a Dilma resolveu fazer a faxina no pessoal que o Lula indicou.

- É verdade, Vasco. Você andou em alto mar e perdeu essa parte: parece até que a Dilma vai fazer a faxina no Lula.

- Mas,  isso isso é uma maluquice, interrompe ele, indignado !

- Maluquice, não, Vasco. O nome disso é ... Golpe.

- Então, eu tenho uma pergunta a fazer a esse pessoal.

- Qual é, Vasco ?

- E quem indicou a Dilma ?

- Vasco, Vasco, assim você jamais será entrevistado no Roda Morta.

- Você quer dizer ... Roda Viva, aquele programa de cunho essencialmente jornalístico e densamente cultural da TV Cultura de São Paulo ...

- É esse mesmo. O Zé Simão é que chama de Roda Morta. Não sei por quê.

- Ouvi dizer que a Marília Gabriela vai deixar de ser a âncora ...

- É possível.

- O Heródoto já tinha ido embora, não é isso ?

- Sim, ele ousou perguntar ao Cerra sobre pedágios ...

- E vai para o lugar da Marília Gabriela um notável jornalista do PiG (*) ...

- São tantos, Vasco. Quem é o novo âncora que vai dar vida à morta roda?

- Bom,  isso já não sei se ele será capaz de conseguir ...

- De quem se trata, Vasco ?

- Aquele que escreveu um livro sobre os jornalistas e o Governo Collor.

- Já sei ! Aquele livro que tem mais de duas dezenas de elogios ao Roberto Marinho.

- Ele mesmo.

- Ele teve uma carreira fulgurante na rádio Bandeirantes.

- Sim, ele fazia boletins radiofonicos de Paris. Lembrou-se o Vasco.

- Inesquecíveis.

- Um pouco fanhoso, mas eternizados no éter. Você tem razão, concordou o Vasco.

- A ancoragem de um programa na televisão há de ser também inesquecível.

- Você se lembra de quando o Ed Murrow levou os Murrow Boys do escritório da CBS em Londres, logo depois da Guerra ?

- Já ouvi falar, Vasco. Não é do meu tempo.

- E aí eles criaram o jornalismo de televisão na CBS ... e o Murrow ancorou aquele programa ... Como é que chamava ?

- O See it Now, tento ajudar.

- Isso ! Tua memória é boa.

- Eu como espinafre, Vasco.

- E foi nesse programa que o Murrow acabou com o macartismo ...

- Mas, o que esse âncora da Cultura tem a ver com o Murrow, Vasco ?

- O Mario Sergio Conti.

- Não conheço. Mas, se não me engano, naquele romance ... romance,  O Castelo de Âmbar, o Mino Carta descreve um tipo que se aproxima muito desse âncora e o Mino o chama de "finório".

- Pois, finório ou não, o Conti fará uma revolução no telejornalismo brasileiro, quiça do mundo !

- Caramba !, Vasco. Até que enfim os tucanos da TV Cultura acertaram a mão. É isso?

- Claro ! Enfim, teremos o nosso Murrow.

- Quem será o McCarthy dele ?

- O Lula, o Jango, o Vargas ... E, mais do que todos, a Dilma !

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.