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O que seria de FHC se BNDES não salvasse a Globo?

Paulo Nogueira: Globo fez favor e FHC retribuiu
publicado 23/02/2016
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bessinha peroba fhc

O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:


O que teria acontecido se o BNDES não salvasse a Globo na gestão FHC? Por Paulo Nogueira

Inépcia ou má fé? Ou uma mistura de inépcia com má fé?

Me pergunto o que levou a mídia a não juntar duas coisas de conhecimento geral na era FHC.

A primeira foi o favor que a Globo fez a FHC ao tirar de cena uma amante que poderia comprometer suas ambições presidenciais.

A segunda, anos depois, foi o empréstimo bilionário do BNDES que no governo FHC salvou a Globo da quebra, por investimentos ruinosos em tevê a cabo.

Não ocorreu a ninguém que ali provavelmente estivesse ocorrendo uma troca de favores?

E no entanto pistas não faltaram.

A Bandeirantes afirmou que o contribuinte não podia arcar com a incompetência da Globo.

Uma emissora que fizera pedido de empréstimo no BNDES disse que ouvira como resposta que a norma do banco era não emprestar dinheiro – do povo, aliás – para a mídia.

Por que, então, com a Globo foi diferente?

A diferença, está claro, é que FHC estava nas mãos dos Marinhos. Como ele se atreveria a rejeitar uma solicitação da qual dependia a sobrevivência de quem guardava uma história que arrasaria sua reputação?

A Globo sabidamente executa feridos. Você pode imaginar as represálias que viriam. Rapidamente Mírian Dutra seria recambiada para o Brasil.

O que aconteceu agora seria antecipado em muitos anos, com a chancela e a cobertura da Globo.

A Globo logo daria um jeito de tocar também no escândalo da compra da emenda da reeleição pelo tesoureiro e melhor amigo de FHC, Sérgio Mota.

Fica claro agora por que a Globo silenciou sobre o assunto. Fazia parte da proteção ao companheiro.

Mas, se não o empréstimo salvador não saísse, a amizade estaria automaticamente rompida.

E ninguém ignora o que a Globo faz quando uma amizade deixa de ser correspondida.

FHC seria destruído.

Seu lugar na história seria o de um corrupto. Um mau pai. Um mau marido. Um mau amante. E um usurpador: logo dariam um jeito de outorgar a Itamar Franco a real autoria do Plano Real, reivindicada por FHC.

O pretensioso sociólogo, que se julgava melhor que todo mundo, viraria um pária, uma calamidade na história nacional, um Collor piorado.

Como a mídia não ligou os pontos?

Falei em inépcia, falei em má fé. Mas pode ser também que outros grandes grupos também tivessem sido abençoados com o dinheiro fácil do contribuinte. Todos temos noção do tamanho das verbas publicitárias do governo federal.

Aumentá-las ou diminuí-las pode determinar a vida ou a morte das empresas jornalísticas, visceralmente dependentes do dinheiro público.

É imperioso romper essa dependência.

Que o governo adote a base zero na hora de planejar seus gastos em propaganda. Base zero é refletir minuciosamente sobre cada gasto, em vez de inercialmente reproduzir investimentos passados.

Nas sociedades avançadas, os governos anunciam apenas em serviços de utilidade pública.

Repare. Os mesmos jornais que pedem incessantemente cortes nas despesas jamais fizeram menção aos bilhões que o governo torra em publicidade.

O episódio FHC-Globo é uma prova de que já passou há muito tempo da hora de a mídia submeter-se a um choque verdadeiro de capitalismo.

As empresas jornalísticas fingem defender o capitalismo – mas na prática vivem num feudalismo indecente.

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