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jn acasala Globope e Datafalha

O Datafalha só sobrevive porque virou estrela (cadente) do jn
publicado 04/09/2014
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Diz o Fernando Brito - ,http://tijolaco.com.br/blog/?p=20782 -  com argúcia:

“Nunca vi uma empresa de comunicação, fora da '‘boca de urna’', contratar duas pesquisas como fez a Globo  para serem divulgadas no mesmo dia. É o “mundo mágico” das pesquisas brasileiras, com dois institutos – Ibope e Datafolha ... “

O ansioso blogueiro se permite explicar a origem desse contubérnio celebrado na Casa Grande.

Na disputa para Governador em São Paulo, em 1998, Covas se candidatava à reeleição.

Seu primeiro governo traçava o rumo do que seria a donataria tucana na Província de São Paulo: um desastre, uma seca !

Estamos no primeiro turno.

Os candidatos eram Covas, Maluf (PPB), Francisco Rossi (PDT), Quercia (PMDB) e Marta (PT), deputada federal em primeiro mandato.

O Globope tinha vendido, na segunda-feira, uma pesquisa ao Maluf, que dizia: Maluf em primeiro e Covas na frente de Marta, por pouca coisa.

E vendeu a MESMA pesquisa ao jornal nacional, então sob a batuta de Evandro Carlos de Andrade, de breve mandarinato, antecessor de Gilberto Freire com “i” (*) , agora homenageado pelo Bessinha, em inesquecível charge sobre a eliminação do Grêmio do Brasileirinho.

A pesquisa era a mesma.

No sábado, véspera da eleição para escolher os candidatos ao segundo turno, o jornal nacional exibe a pesquisa que se tinha encerrado na segunda.

Pesquisa fechada na segunda, dentro da fogueira eleitoral, e exibida no sábado ...

A pesquisa influenciou os anti-malufistas, que aplicaram o voto útil: contra a Marta e a favor de Covas.

Acontece, que, de segunda a sexta, o eleitorado tinha se movimentado a favor de Marta e seria ela a eleita para ir ao segundo turno contra Maluf, não fosse o jornal nacional.

Foi o Covas, que, com o apoio do PT, derrotou Maluf.

Naquela altura do campeonato, o Jornal da Band travava uma competição feroz com o jornal nacional.

Não só no horário, mas também na rediscussão do formato, da cobertura da Privataria em curso, e, até, com a discussão do próprio papel da Globo e do jornal nacional na vida política do país.

No domingo, durante a cobertura da apuração, o ansioso blogueiro, editor e apresentador do Jornal da Band, sob a batuta de seu redator-chefe Ricardo Melo, perguntou, ao vivo, ao Montenegro do Globope se a pesquisa de sábado do jn era a mesma que tinha entregado na segunda ao Maluf.

Sim, disse ele, entrevistado numa base de cobertura da Band no RioSul, Zona Sul do Rio.

Não é preciso dizer que o ansioso blogueiro fez um escarcéu !

Como é que o Montenegro vende a mesma pesquisa duas vezes ?

Fecha na segunda e exibe no jn no sábado !

E como o jn diz no sábado uma coisa que era “verdadeira” quatro dias antes ?

Uma esculhambação, como diria o próprio Ricardo.

O interessante é que, no estúdio, para uma entrevista ao vivo, a vítima da patranha, Marta Suplicy, se recusou a debater a questão, ao vivo,  com o Montenegro.

Preferiu que o ansioso blogueiro o interpelasse.

Preferiu não importunar a Globo !

Nem o Montenegro !

Aí, o Evandro se mancou.

Viu que seria um escândalo ficar na mão só do Globope, depois do barulho que a Band tinha feito.

O que fez ele ?

Contratou também o Datafalha.

E hoje, o Datafalha, reduzido a esse pobre papel de Proconsult só existe porque é uma das estrelas (cadentes) da Globo …

Como diz o sábio Marcos Coimbra, na Carta Capital, chega desse contubérnio entre a Globo e os institutos de pesquisa.

Em tempo: a Band enfrentou a Globo por um breve período de tempo. Dois anos. Depois, preferiu ir com ela ao escurinho do cinema (no auditório da CBF).

Paulo Henrique Amorim



(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.