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Os Marinho. Casa de pai não é escola de filho

O infortúnio de não ter nome próprio.
publicado 07/03/2013
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Conta-se que, depois da derrota para o Collor, em 1989, Lula participou de um debate em Paris com Roberto Marinho e Jaime Lerner.

Um estudante na plateia interpelou o Dr Roberto.

- O senhor não tem vergonha de usar uma concessão de um serviço público para manipular um debate e fazer uma cobertura vergonhosamente a favor de um candidato e contra outro ?

O estudante foi freneticamente aplaudido.

O Dr Roberto respondeu.

- Meu filho, eu não tenho nada contra esse rapaz aqui ao meu lado, o Lula. Mas, todo dia o partido dele passava na porta da TV Globo com o caixão em que ia me enterrar. Um outro candidato, o Brizola, dizia que ia tomar o meu lugar. E tinha um outro candidato, filho de um velho amigo meu e que me tratava muito bem na campanha. Quem o senhor  acha que eu devia apoiar ? O que ia me enterrar ? O que ia tomar o meu lugar ? Ou o filho do meu amigo ?

Se no lugar do pai ali estivesse um dos filhos do Roberto Marinho - eles não têm nome proprio -, a resposta seria outra.

Devidamente instruído pelo Ataulfo Merval de Paiva (*) e pelo Gilberto Freire com "i" (**), ele diria:

- A Globo fez uma cobertura jornalística, imparcial. E a edição do debate foi daquele jeito porque o Collor se saiu melhor do que  o Lula.

Na plateia, o pai ia achar o menino muito divertido.

E os instrutores, uns tolos.


Paulo Henrique Amorim


(*) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais medíocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão mediocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notoria mediocridade.

(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro "Não somos racistas", onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com "ï". Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com "i".