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Infraero: Globo é o pior jornal do mundo

Ah, se todos tivessem a coragem do Vale e peitassem o PiG.
publicado 16/01/2013
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O Conversa Afiada republica carta que o presidente da Infraero, Antonio Gustavo Matos do Vale, escreveu a colonista (*) do Globo, o 12º voto no STF:


Resposta do Presidente da Infraero ao Jornalista Artur Xexéo



Caro Artur Xexéo,

Como milhares de brasileiros, tomei conhecimento da sua coluna publicada no Jornal O Globo, edição do dia 2 de janeiro, intitulada “O Pior Aeroporto do Mundo”, e gostaria, igualmente, de tecer algumas considerações a respeito do que foi nela abordado.

Desconheço a quantidade de vezes que o senhor esteve no Aeroporto Tom Jobim (não concordo com o “coitado do Tom Jobim”, já que vincular o nome do homenageado ao objeto da homenagem não me parece muito correto, mas isto é apenas a minha opinião) nos últimos meses, mas o que lá aconteceu recentemente parece não ser do seu conhecimento.

No período de 2011/12, das nove esteiras existentes no Terminal 1, as quatro destinadas ao tráfego internacional foram substituídas e as cinco domésticas, revitalizadas; dos 35 elevadores, a totalidade foi substituída e estão todos em funcionamento, além de mais 35 que serão implantados ainda em 2013. Existem em funcionamento 30 lojas de serviços, sendo 13 por 24 horas, e sete lanchonetes, sendo quatro delas por 24 horas, conforme atestam diversos passageiros, uma vez que cessaram as reclamações neste sentido. O sistema automatizado de transporte e triagem de bagagens foi contratado em novembro de 2012, com investimento de R$ 59 milhões e a instalação está prevista para o início de 2014.

Efetivamente, o terminal 1, por ser um terminal ainda da época da inauguração do aeroporto na década de 1970, teve mesmo a ocorrência de goteiras, mas garanto que com a reforma que já se iniciou pela ala A, e posteriormente nas alas B e C, os problemas desta natureza estarão definitivamente sanados (se o senhor tiver a oportunidade de visitar o citado terminal, poderá atestar as obras, hoje na ala A).

Quanto ao terminal 2, ainda neste mês de janeiro será inaugurada a parte nova do terminal (cerca de 40% da ampliação prevista), para onde será transferido o check-in de parte das companhias que operam voos internacionais no aeroporto.

A necessidade de prestar esses esclarecimentos reside na intenção de demonstrar que a sua afirmação “o que autoridades dizem não é para ser escrito” não é verdadeira. Além disso, demonstra que as expressões “caiu aos pedaços”, “faz mal à saúde” (ainda não descobrimos ninguém que contraiu alguma doença no aeroporto) e “deveria ser interditado” (tenho certeza de que o senhor não pensou nem um minuto nos 50 mil passageiros que lá transitam todos os dias e nas 30 mil pessoas que lá trabalham para sustentar suas famílias, mas isso não é mesmo sua obrigação) são situações que saíram de sua brilhante imaginação, não condizendo nem um pouco com a realidade do aeroporto.

Me permita também discordar das razões que o levaram a considerar o Aeroporto do Galeão como o pior aeroporto do mundo (prefiro acreditar que ele seja o pior dentre os que o senhor conhece, pois imagino que o senhor não conhece todos). Escreveu o senhor que o Galeão tornou-se o pior aeroporto do mundo porque “a Infraero não se preocupou em dar uma única explicação ou um pedido de desculpas aos usuários do aeroporto”.

As suas premissas não são verdadeiras, o que permite concluir que a sua conclusão também não o seja.

Todas as explicações sobre o ocorrido foram dadas ainda na noite de quarta-feira, bem como durante toda a quinta-feira, explicações estas reproduzidas por todos os noticiários do país, inclusive no jornal para o qual o senhor escreve. Como talvez o senhor não tenha tomado conhecimento, permita-me esclarecê-lo:

1) Às 20h55 um estabilizador de energia, ligado à linha principal de fornecimento de energia do aeroporto, localizado na subestação que o abastece, de propriedade e responsabilidade da Infraero, incendiou, desligando automaticamente a luz em todas as dependências do aeroporto;

2) As luzes de emergência do terminal 2 se acenderam imediatamente, mas infelizmente tal fato não aconteceu no terminal 1;

3) Os geradores que fornecem energia emergencialmente ao sistema de pistas e pátios funcionaram imediatamente (todas as aeronaves que se destinavam ao aeroporto pousaram normalmente), mas infelizmente os que abastecem os terminais só entraram em funcionamento às 21h05;

4) Nos sistemas de emergência de qualquer aeroporto, inclusive os melhores do mundo, só funcionam a iluminação e as entradas de energia (tomadas) – nenhum sistema alternativo comporta o funcionamento de todos os equipamentos existentes. Essa foi a razão do senhor não ter encontrado as escadas rolantes funcionando em sua trajetória até a sala vip da British Airways, que por sinal fica na ala B do Terminal 1, não no Terminal 2. Destaque-se que as lojas fechadas nessa ala serão mantidas dessa forma em virtude da reforma que ocorrerá no local, não havendo interessados em alugá-las por curto período;

5) A linha de energia auxiliar, situada na mesma subestação da linha principal, somente pôde ser ligada pela concessionária de energia elétrica às 23h, devido à interdição do local pelo Corpo de Bombeiros;

6) Tendo voltado a energia pela linha auxiliar, os equipamentos do aeroporto foram sendo reativados, com supervisão da própria concessionária de energia elétrica, de forma paulatina, de maneira que à 1h de quinta-feira estavam todos funcionando normalmente.

Com relação ao pedido de desculpas, novamente o senhor não deve ter tomado conhecimento, mas em entrevista a diversos veículos da imprensa brasileira, na manhã de quinta-feira, o superintendente do aeroporto se desculpou pelos contratempos enfrentados pelos usuários. Eu mesmo, na manhã de sexta-feira, em entrevista coletiva no próprio aeroporto, pedi desculpas aos passageiros dos 19 voos que partiram com atraso (nenhum superior a uma hora e não tivemos nenhum voo cancelado) e a todos os que estavam no aeroporto naquele momento.

Evidentemente, estamos reavaliando todo o sistema de redundância do aeroporto, para impedir que tal fato aconteça novamente, numa eventual ocorrência de falta de energia elétrica no futuro.

Lamento que o senhor não tenha recebido nenhuma explicação da Infraero naquela oportunidade, mas a sua informação de que deixamos os passageiros agirem por conta própria, não condiz com o fato de que todos embarcaram em seus voos e partiram, com pequenos atrasos, é verdade, mas partiram e chegaram em segurança aos seus destinos.

Se o senhor me permite uma discordância adicional, gostaria de abordar a sua opinião a respeito da eficiência da Infraero. Evidentemente, não conheço todas as empresas públicas brasileiras e não tenho condições de avaliar as suas eficiências. Como o senhor parece ter (a comparação pressupõe o conhecimento dos entes comparados, sob pena de ser uma comparação irresponsável, o que me parece não ser característica de sua pessoa), mas considerar a Infraero “a mais ineficiente das empresas públicas brasileiras”, pelas razões expostas na sua coluna, é, no mínimo, uma tremenda injustiça para com essa empresa que construiu e administra os aeroportos brasileiros há 40 anos.

A minha opinião, apesar de ser apenas uma opinião (como a sua também o é), se baseia no trabalho desenvolvido por todo o corpo funcional dessa empresa na administração de 63 aeroportos, 22 torres de controle (orientação de aproximação de voos), 24 gerências de navegação aérea (algumas localizadas em regiões de difícil acesso, como Iauaretê, no norte do Amazonas), 38 unidades técnicas de navegação aérea (operação de radares e equipamentos de orientação ao voo), cinco estações meteorológicas de altitude (responsáveis pelo lançamento de 10 balões meteorológicos diários e da análise dos dados coletados, para orientação das aeronaves), que trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana, permitiram em 2012 o transporte de mais de 180 milhões de passageiros e de 1,3 bilhão de toneladas de carga, em 3 milhões de pousos e decolagens, com absoluta segurança.

A mim pareceria mais adequado se sua crítica se voltasse à administração da Infraero, da qual faço parte, e não à empresa como um todo, mas isto também é apenas uma opinião, que não me parece que será levada em conta pelo senhor.

Por fim, como não tenho a tribuna de O Globo para levar ao conhecimento de milhares de brasileiros minhas considerações a respeito do assunto, como o senhor a tem, informo que, por uma questão de lealdade para com os empregados da Infraero, os verdadeiramente atingidos por sua injusta (é só mais uma opinião) manifestação, esta correspondência será reproduzida nos canais internos da empresa.

Cordialmente,

Antonio Gustavo Matos do Vale

Presidente da Infraero



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.