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A testemunha-bomba do Ali Kamel. Ou o “Manual da Baixaria”

Nesta última semana, o Ali Kamel disporá de variado conjunto de baixarias para destruir a Dilma.
publicado 27/09/2010
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Diante do retumbante fracasso do jenio no debate da Record – clique aqui para ler “quer dizer que ele ia virar nos debates” – este ordinário blogueiro reafirma uma de suas teses mais antigas: a baixaria é a última bala do Serra.

(Outra, também de sua predileção: o Vesgo do Pânico tem mais chance de ser Presidente da República do que o Serra.)

Nesta última semana, o Ali Kamel, o mais poderoso jornalista que a Globo já teve, disporá de variado conjunto de baixarias para destruir a Dilma.

Vamos tratar delas, aqui.

- Manipular o Globope e o Datafalha.

Essa é uma arma clássica. Um bacamarte do PiG (*) e da elite branca (no caso de São Paulo, a elite é separatista).

Só no Brasil pesquisa de opinião pública tem essa importância.

É porque ela se tornou um instrumento do PiG (*) para manipular (da margem de erro à amostragem) e favorecer o candidato não-trabalhista.

Hoje, dois institutos de pesquisa mineiros – Vox e Sensus – conseguiram quebrar o monopólio do Datafalha e do Globope.

Mas, eles não tem a repercussão que o PiG (*) dá aos outros, tradicionais.

Amigo navegante me diz que, uma semana antes da eleição, o Montenegro do Globope não erra mais.

Já errou tudo o que tinha que errar.

Tenho as minhas dúvidas.

A capacidade de errar do Montenegro é infinita.


- Anabolizar outro escândalo.

O Conversa Afiada desconfia que exista uma central de produção de escândalos, uma espécie de McDonalds da Baixaria.

Uma central única de trabalhadores do Golpe.

Eles produzem a “reportagem”, a distribuição da “reportagem”, a repercussão da “reportagem”, a réplica da “reportagem” e a re-alimentação da “reportagem”.

O Ali Kamel entra com a edição da “reportagem”.

Entra com a distribuição das ênfases.

Como aconteceu no jornal nacional de sábado.

O Estadão produziu  a 267ª. denúncia da semana.

Aí, o jornal nacional fez uma longa reportagem sobre a denúncia.

Um VT completo, com repórter política de Brasília, que, com o que resta de sua credibilidade, dá uma mão de verniz na “reportagem”.

Aí chove desmentido, que torna a “reportagem” um não-evento.

Os desmentidos aparecem sem VT, rapidinho, na boca do locutor, um amontoado em cima do outro.

Quer dizer, a denúncia do outro, do Estadão, merece crédito.

Os desmentidos vão para o ralo do Kamel.



- Editar o debate da Globo

Essa é uma velha trapaça da Globo.

Foi o que ela fez na eleição do Collor e quando levou a eleição de 2006 para o segundo turno.

Clique aqui para ler “O primeiro Golpe já houve; falta o segundo”.

Utilizar o jornal nacional de sexta e sábado para desmoralizar o candidato trabalhista, sem direito a resposta.

Já não haverá tempo no horário eleitoral para desmontar a patranha.

No jornal nacional não haverá espaço para desmentir o jornal nacional.

Então, mesmo que o jenio tenha desempenho desastroso como no debate da Record, o Kamel o transformará num Churchill.

E a Dilma será devidamente destroçada, como o Ali Kamel de então fez com o Lula diante do Collor: tudo o que o Collor fez de bom e tudo o que a Dilma fez mau.

A esse VT se segue um editorial do Alexandre Maluf Garcia, para dizer que a Democracia se constrói com a vitória do Serra.

(Depois o Eugênio Bucci vai dizer no Estadão que Liberdade de Imprensa é isso aí. Quantos Bucci cabem num Eugênio ?)


-  Coonestar a fraude da urna eletrônica

A Globo é especialista na matéria.

Na primeira eleição do Brizola para governador, a Globo coonestou a patranha que o SNI, a Polícia Federal e uma parte da Justiça Eleitoral montaram para roubar a eleição no computador.

O Ali Kamel conhece o assunto, porque mereceu um modesto livro deste ordinário blogueiro para comprovar o papel criminoso da Globo – “Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral”.

Se a eleição terminar apertada, é perfeitamente possível roubar no computador.

O Stanley Burburinho, recentemente e neste ordinário blog, já demonstrou isso.

Eleição no computador sem “papelzinho”, como dizia o grande Brizola, é convite à fraude.

Só no Brasil a eleição no computador não tem papelzinho.

Trata-se de uma contribuição de Nelson Jobim, Eduardo Azeredo e Marco Aurélio de Mello á Civilização Pós-Moderna do Ocidente.

Se persistir alguma dúvida, leiam no Valor de hoje, pág. B3, um perfil de Silvio Meira, um dos responsáveis pela criação do “Porto Digital”, em Recife, que hoje abriga 160 empresas de TI.

Diz Meira, “Sistema de urna eletrônica está furado”.

Qualquer hacker de quinta categoria, desses que poderiam estar a serviço do Graeff, qualquer um pode violar o sistema de apuração do TSE de forma “relativamente simples”, diz o Meira.

É a sopa no mel.

O hacker viola, a eleição mela, tem que haver uma recontagem na Florida, edição extra da Fox (jornal nacional) diz que o Bush ganhou, vai tudo para o TSE, o Gilmar Dantas (**) assume a vaga de titular – e o Serra vence, por estreita margem.

E dá uma entrevista gloriosa na bancada do Casal 45 (que se mostrará em êxtase profundo).

Antonin Scalia é o que não falta.


- A última arma: a testemunha-bomba

Livros que analisam a manipulação da televisão para fraudar uma eleição costumam dar dois exemplos clássicos: a edição do debate da Globo para eleger o Collor.

E o que a Televisa (a Globo do México) fez para eleger o Carlos Salinas de Gortari.

Salinas, como se sabe, foi precursor da frente neoliberal que arrasou a América Latina e da qual o Farol de Alexandria é expoente.

Salinas entregou a telefonia do país inteiro ao Carlos Slim e fez dele o homem mais rico do mundo.

O irmão de Salinas, campeão da privatização dos telefones, morreu na cadeia.

Salinas fugiu para a Irlanda.

Clique aqui para ler “FHC corta os pulsos em inglês”)

Na véspera da eleição contra Cuháutemoc Cárdenas em 1988, apareceram na televisão uns camponeses para dizer que eram maltratados na fazenda da família de Cárdenas.

Testemunhas-bomba de última hora.

Com a cara de infelizes, vilipendiados, perseguidos por patrões impiedosos.

Testemunhas que falavam à alma do povo mexicano.

(Depois, soube-se, eram uns patranheiros, a soldo da campanha do Salinas.)

Deu-se a eleição.

Com patranha e tudo, Cárdenas saiu na frente na apuração pelo computador.

De repente, com a ajuda decisiva da Televisa, se disse “se cayó el sistema” – o sistema pifou.

Depois de dias de impasse, a houve a recontagem, Salinas ganhou e a Televisa celebrou com o Casal 45 dela, um âncora famoso no México de então, Jacobo Zabludovsky.

No programa “24 Horas”, Jacobo era uma combinação de Casal 45, a urubóloga, o Waack e o Jabôr, numa só pessoa.

No gabinete ao lado do presidente Salinas havia um pequeno estúdio, sempre pronto para entrar em ação.

Era dali que, quando bem entendesse, concedia entrevistas “exclusivas” à Televisa.

(Este ordinário blogueiro o entrevistou ali mesmo.)

Ali Kamel pode ter uma testemunha bomba escondida na manga: um camponês que trabalhou nas terras do pai da Dilma na Bulgária.

Um torturador da Dilma pode contar se ela “cantou” sob tortura.

Um empregado da lojinha da Dilma pode dizer que ela não recolhia o Fundo de Garantia.

Um guerrilheiro das FARC vai dizer que a Dilma o ensinou a atirar.

(Para assaltar banco, a aula era com o Aloysio Nunes Ferreira.)

Um membro do PCC vai confessar que a Dilma o protegia na Casa Civil.

O Fernandinho Beira-Mar contará que, sem a Dilma, não teria conseguido enriquecer.

O Nem da Rocinha vai dizer que a Dilma é chegada a um pagode lá em cima.

Testemunha é o que não falta.

Zabludovsky muito menos.



Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.