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Voto eletrônico não é seguro, em Israel

Um hacker pode hackear qualquer coisa
publicado 14/02/2018
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Repórter do PiG cheiroso entrevistou especialistas de Israel sobre essa jabuticaba brasileira, o voto eletrônico sem o papelzinho do Brizola.

Israel é um centro mundial de tecnologia e segurança tecnológica.

O engenheiro Leonel era um especialista em calhordices da Casa Grande/Branca e já sabia disso desde 1982, quando os militares do Gal, Golbery, o Feiticeiro do "Historialista", a Globo Overseas e o gatinho angorá tentaram lhe roubar a eleição no computador.

Agora, com o Ministro Fux de presidente do Tribunal (sic) Superior (sic) Eleitoral, o eleitor brasileiro pode ter a certeza de que seu voto pode ser conferido a um candidato que ele não escolheu!

Mas, vale a pena ver o que dizem os israelenses:

Voto eletrônico não é 100% seguro, segundo israelense


As eleições no Brasil correm o risco de serem atacadas e adulteradas por hackers? Foi essa a pergunta que o Valor fez no início do mês a especialistas em segurança cibernética de Israel. A reação deles é bem menos otimista que a das autoridades brasileiras.

Israel vem se firmando como um ninho de companhias de tecnologia e de start ups. É o Vale do Silício do Oriente Médio. E é um ímã de investimentos e de pesquisas de multinacionais como Google, Facebook, Microsoft, Intel e centenas de outras companhias.

O país também é visto como um dos que têm mais capacidade de ataque e defesa cibernética. As Forças Armadas possuem divisões que atuam nessa frente e há uma série de empresas de ex-agentes da inteligência dedicadas a auxiliar multinacionais a se protegerem no espaço cibernético.

"O que eu sei é que um hacker pode hackear qualquer coisa", disse Udi Mokadi CEO da CyberArk, uma das principais empresas israelenses de segurança cibernética. Tem ações na bolsa eletrônica Nasdaq, em Nova York, e uma carteira de clientes que inclui metade das companhias da lista top 100 da revista "Fortune".

"O nosso ponto de vista é que nada é invencível, todo sistema pode ser invadido dependendo do nível de esforço que é posto nisso", disse.

Mokadi, assim como outros, conhece a iniciativa brasileira do voto digital. Diz, no entanto, que não acompanha o passo a passo das medidas adotadas pelo governo brasileiro para garantir que invasores não manipulem resultados.

Mas o empresário insiste: invasões cibernéticas têm se tornado mais sofisticadas em todo o mundo e barreiras que poderiam parecer inacessíveis são furadas.

"Temos exemplos de ataques como o ocorrido recentemente na usina de energia elétrica na Ucrânia que provocou um apagão, temos o exemplo da NSA [a agência de segurança dos EUA], que foi invadida, temos o exemplo de organizações militares que foram invadidas", disse Mokadi na sede da CyberArk em Tel Aviv.

O Brasil começou a usar urna eletrônica nas eleições municipais de 1996. Hoje, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é o país onde há a maior eleição informatizada do planeta. A pequena Estônia é outro caso sempre lembrado de eleições digitais; assim como alguns Estados americanos.

No Brasil, a ideia era deixar para trás o voto de papel e um sistema de apuração manual - sempre muito contestado e de fácil adulteração - para algo mais rápido e preciso. O desafio era e continua sendo as brechas no espaço cibernético.

Rami Efrati já chefiou a divisão civil do Cyber Bureau de Israel, órgão ligado ao gabinete do primeiro-ministro. Sua posição em relação a eleições eletrônicas é clara.

"Eu acredito que o governo brasileiro faz o que pode fazer, mas minha avaliação é que nunca é totalmente seguro", disse ele ao Valor. "Qual é o elo mais fraco nisso? São as pessoas. Basta apenas uma pessoa se sentar no meio do sistema", afirmou ele. "As pessoas do Brasil que trabalham no sistema eleitoral não têm uma tarefa fácil para assegurar que o processo seja totalmente seguro."

Israel, com seus 8,5 milhões de habitantes, está num estágio de digitalização bem mais avançado que o do Brasil. Mas, por enquanto, o país que se orgulha de sua afluente comunidade de empresas digitais ainda reluta em usar urnas eletrônicas. O voto não é obrigatório. "Uma das razões é que não acreditamos que isso possa ser 100% seguro", diz Efrati.

Professor da Universidade de Tel Aviv, Isaac Ben Israel é um veterano no ramo de segurança de informações. Ao falar do Brasil, ele chama atenção para o fato de haver em todo sistema eletrônico de votação algumas etapas críticas. "Cada uma delas é um problema, uma vulnerabilidade em potencial", disse ele. (...)