Professores e políticos britânicos: destino de Lula é o destino da Democracia!
Boulos, do MTST (E) e Stédile, do MST, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, nesta sexta, 6/IV (Rafael Stedile)
O Conversa Afiada reproduz do Guardian (clique aqui para ler a versão original, em inglês):
O destino de Lula da Silva é o destino da democracia brasileira
Um grupo de parlamentares, acadêmicos e outros diz que Lula deveria ter o direito de concorrer às eleições presidenciais, para que os brasileiros possam decidir sobre o seu próprio futuro, enquanto Richard Bourne alerta contra a crescente ameaça da direita no Brasil
Seguem as tentativas para impedir o ex-Presidente Lula da Silva de concorrer às eleições presidenciais de outubro. Pesquisas mostram que ele seria o provável vencedor, ainda que, desde o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, Lula venha sendo submetido a uma campanha organizada contra ele, em que os mais básicos direitos humanos têm sido violados. Como parte disso, Lula foi submetido a um processo político e uma condenação política, em que foram ignoradas evidências de sua inocência - o que desencadeou uma crise de confiança na Lei. Isso não é apenas sobre um homem, mas sobre o futuro da democracia no Brasil. Nós acreditamos que ele deve concorrer, para que o povo brasileiro tenha o direito de decidir sobre o seu próprio futuro.
Chris Williamson MP
Dennis Skinner MP
Clive Lewis MP
Mike Hill MP
Jean Corston House of Lords
David Lea House of Lords
Tim Roache GMB general secretary
Kevin Courtney Joint general secretary, National Education Union
Zita Holbourne PCS and Black Activists Rising Against the Cuts
Dr Mehmet Ali Dikerdem School of law, department of law and politics, Middlesex University
Dr Michael Derham Northumbria University
Professor Julia Buxton Central European University, Budapest
Emeritus Professor Frank Land LSE
Salma Yaqoob Human rights activist
Tim Potter Barrister
Colin Burgon Honorary president, Labour Friends of Progressive Latin America
***
A prisão do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria uma "sacudida" na esquerda brasileira. Em "Lula of Brazil: The Story so Far" ["Lula do Brasil: A História até Aqui", em tradução livre], eu recupero seus importantes feitos, até o final de seu primeiro mandato presidencial. Entre eles, o seu papel na derrubada da ditadura militar, seu sucesso na caminhada em direção à igualdade social, particularmente por meio de transferência de renda para as famílias mais pobres, e a ascensão do Brasil na cena global.
Mas a esquerda brasileira não pode confiar em um único homem, alguém que o sistema judiciário descobriu ter falhas. Com eleições neste ano, o Partido dos Trabalhadores precisa reconquistar o idealismo de sua fundação, enfrentar a corrupção em todos os níveis e conceber uma estratégia que lide com os desafios nos aspectos econômicos, sociais e ambientais no país. O Presidente Temer e vários deputados enfrentam alegações de corrupção muito mais sérias do que as levantadas contra Lula.
Os modelos que funcionaram para a esquerda nos primeiros anos deste século são, agora, inadequados. A ameaça de retorno a um passado reacionário é premente. Veja, por exemplo, a popularidade do direitista Jair Bolsonaro, um admirador do regime militar, na corrida para as eleições presidenciais deste ano. A raiva e a decepção contra a decisão dos juízes precisa se converter em um desejo positivo de limpar o sistema político, encerrar a recessão e fazer o Brasil avançar novamente.
Richard Bourne
Londres