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A bolha financeira está para explodir

Drummond, na Carta: os EUA viciaram o mundo em dinheiro! ​
publicado 30/04/2018
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O Conversa Afiada reproduz trechos de reportagem de Carlos Drummond na Carta Capital:

(...) Na raiz do ceticismo quanto à possibilidade de uma retomada consistente da economia mundial está um endividamento público e privado colossal, segundo o Fundo Monetário Internacional, que na quarta-feira 18 alertou: "A dívida global atingiu recorde histórico e os governos devem começar a reduzi-la já". Em 2016 o FMI contabilizou 164 trilhões de dólares e a situação das economias avançadas em termos de nível de endividamento em comparação ao PIB é pior que a dos países de baixa renda. O valor corresponde a 225°/o do PIB mundial, segundo informou a publicação Fiscal Monitor da instituição na edição de abril, um acréscimo de 12 pontos porcentuais em relação ao recorde anterior de 2009 logo após a eclosão da crise financeira mundial. "Essas constatações e o ciclo de negócios significam que os governos deveriam construir 'amortecedores' e cortar a dívida pública para enfrentar "desafios que virão inevitavelmente no futuro", alertou Vitor Gaspar, diretor do departamento de assuntos fiscais do FMI. A superação do impasse é mais complexa e arriscada, entretanto, do que sugere a recomendação do Fundo, asseguram vários economistas.

(…) Após a crise de 2008, que foi um desdobramento das políticas monetárias e fiscais insustentáveis seguidas pelo Fed dos Estados Unidos e outros bancos centrais nos principais países industrializados, disse Hannoun, os integrantes do G-7 à exceção da Alemanha continuaram a implementar políticas fiscais frouxas e assim aumentaram as dívidas dos governos. Em consequência, a dívida do governo sobre o PIB no ano passado atingiu 221% no Japão, 157% na Itália, 124% na França, 121% no Reino Unido, 105% nos Estados Unidos, 97% no Canadá e 72% na Alemanha. "A situação remete a 1971, quando o presidente Richard Nixon suspendeu unilateralmente a conversibilidade do dólar americano em ouro, início do exorbitante privilégio estadunidense de imprimir sua moeda e com ela pagar mercadorias e serviços importados. Foi assim que os Estados Unidos se tornaram o epicentro das políticas monetárias insustentáveis sem qualquer preocupação com o crescimento dos déficits gêmeos, o fiscal e o de conta corrente. Os EUA exportaram seu modelo ao restante do G-7, que o seguiu religiosamente, à exceção da Alemanha", sublinhou o economista.

Os EUA elevaram os gastos novos e as reduções de impostos em trilhões de dólares sem outra sustentação a não ser mais dívida, inclusive aquela gerada por isenções fiscais no valor de 1,5 trilhão de dólares para as grandes corporações empresariais, 1,5 trilhão destinado ao plano de infraestrutura e um aumento colossal do orçamento do Pentágono em 700 bilhões. A festa prosseguiu, disse Hannoun, a despeito do comportamento imprudente dos Estados Unidos. O déficit fiscal projetado para 2019 oscila em torno de 1 trilhão de dólares e não se chegaria a essa situação sem a política monetária permissiva conduzida pelo Federal Reserve desde 2009.

(…) A dívida total dos sete principais países desenvolvidos foi estimada em torno de 100 trilhões de dólares no terceiro trimestre do ano passado. Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão e a Zona do Euro representam 64% da dívida total mundial.

(…) O mundo está viciado em dinheiro barato e acumulou um montante massivo de dívida nos países ricos ao Norte e nas nações mais pobres ao Sul, resume o economista: "No Sul, há endividamento principalmente das empresas e das famílias. No Norte, há mais dívida fiscal, dívida pública. E, na discussão das fontes de recursos do setor público e do financiamento para o desenvolvimento, deve-se começar a partir do Norte , porque eles têm uma dívida muito maior e suas políticas fiscais têm consequências muito mais importantes para a economia global".

(…) Cada vez mais, diz, parece que a Grande Crise de 2008 pode ter sido apenas um ensaio geral para algo ainda pior, que virá como resultado do uso excessivo da emissão de dinheiro, do acúmulo de bolhas de preços de ativos e de dívidas encorajadas por taxas de juros baixas ou negativas. Das duas causas profundas do colapso, apenas a microeconômica foi parcialmente resolvida através de uma reforma regulatória que visava incrementar os 'amortecedores' de capital dos bancos e o gerenciamento e os incentivos ao risco. Segundo Dittus, "as causas da política macroeconômica, as falhas do modelo de crescimento impulsionado pela dívida e a combinação de políticas frouxas que levaram à débâcle permanecem em vigor".

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