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Por que Macri fugiu do anúncio do congelamento de preços?

Neolibelistas recorrem ao kirchnerismo para não matar o povo de fome!
publicado 17/04/2019
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Cristina ao Guedes: Macri é você amanhã (Reprodução/Muy Critico)

A propósito da decisão do Presidente da Argentina, Mauricio Macri, de congelar preços para conter o galopante avanço da inflação (que só em março bateu em 4,7%), o Conversa Afiada reproduz artigo de Raúl Dellatorre no Pagina 12, jornal diário - e progressista - de Buenos Aires:

À beira do abismo, dando um passo à frente


Alguns o chamaram de Plan Aspirina, Plan Parche, "paquetito" e houve até aqueles que o compararam com as táticas de um treinador de futebol que sabe que será demitido e joga a última partida com toda a audácia que nunca teve, com os jogadores e com a estratégia em que nunca acreditou, para se despedir, fracassado, dizendo "Eu fiz o que o povo me pediu".

(...) Supõe-se que a intenção do anúncio, diante de uma realidade econômica absolutamente desfavorável para o governo, e depois de um golpe decisivo como a inflação de março, foi para o governo mostrar que estava de pé e gerar confiança, para que acreditassem que ele poderia chegar inteiro às próximas eleições. Mas o primeiro gesto, por outro lado, foi esconder o presidente e mostrá-lo apenas em um vídeo mal editado que supostamente seria o produto de uma conversa espontânea com uma vizinha. Má escolha. Pior ainda para aqueles que tiveram de enfrentar uma coletiva de imprensa e responder à inevitável questão dos jornalistas: por que o Presidente não fez os anúncios?

As medidas, no fundo, também foram um tiro n'água. Era necessário recorrer precisamente às medidas tantas vezes criticadas, para serem apresentadas agora como uma tábua de salvação? Procrear, Precios Cuidados, congelamento de preços, créditos com fundos da Anse... esses são conceitos que o governo demonizou durante três anos e meio como emblemas do Kirchnerismo e que hoje se tornam instrumentos "para trazer alívio para as famílias". É uma metamorfose difícil de acreditar, também mal explicada e apresentada alguns dias depois de Mauricio Macri voltar a afirmar que "estamos saindo da crise sem mudar as regras".

E nesta última frase está a raiz de outro ponto fraco do anúncio e da atual execução da política econômica: a caracterização do momento como o início da saída de uma crise já superada, bem como a instabilidade cambial. Os males atuais, dessa perspectiva, seriam apenas remanescentes de um acidente do passado.

O resultado do pacote de anúncios é a existência de medidas mínimas que só marginalmente podem causar algum impacto positivo no consumo (preços acessíveis de carnes, mas com alcance reduzido na sua disponibilidade, empréstimos de alto custo para famílias muito carentes, preços a níveis exorbitantes que se promete não aumentar até o final do ano, acordo de estabilidade de preços sobre um número muito limitado de produtos e depois de ter recebido um forte aumento prévio).

(...) Créditos e facilidades, inclusive para o acesso à moradia, que não conseguem resolver os dois principais problemas que afetam a sociedade como um todo, e que o programa do FMI a que o governo está vinculado ameaça perpetuar: o colapso da renda e a produção. E eis que, sem recomposição de renda e reativação produtiva, não há possibilidade de ter um horizonte diferente daquele de um colapso, que é o que temos hoje.

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