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Por que é um crime doar a Petrobras à Shell

Ricardo Maranhão: sem controlar a energia não há futuro
publicado 23/11/2017
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Mishell cumpriu ordens do ministro inglês

Ricardo Maranhão é conselheiro da AEPET - Associação dos Engenheiros da Petrobras.

Engenheiro mecânico, formado pela Escola Nacional de Engenharia da antiga Universidade do Brasil, trabalhou na estatal por mais de 30 anos. Foi também deputado federal e vereador pelo PSB do Rio de Janeiro.

Maranhão foi um dos idealizadores, em 1979, da campanha que resultou no pagamento dos "royalties" da indústria de petróleo - importante fonte de recursos para estados e municípios brasileiros.

No último dia 24/X, o site do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul publicou um importante artigo de Ricardo Maranhão, de título Petróleo, Petrobras, Tecnologia e Soberania Nacional. Nele, o autor traça a importância geopolítica da indústria do petróleo e a consequência, para o futuro do Brasil, dos ataques do governo do MT e da Lava Jato à Petrobras.

O texto também será publicado em uma revista da Escola Superior de Guerra, com o título Geopolítica e Poder: Brasil, uma Potência Mundial Energética?

A íntegra do artigo está disponível neste link, em formato PDF.

O Conversa Afiada reproduz, abaixo, os pontos principais do texto:

- Energia é fundamental para uma civilização. O consumo de energia define o grau de desenvolvimento de um povo!
- A matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo! Mais de 11% da eletricidade brasileira vem das hidrelétricas, 17% dos derivados da cana de açúcar (biocombustíveis) e 5,3% de outras fontes renováveis (solar, eólica e outros modelos)

- Ainda assim, o petróleo e derivados respondem por 37,3% da matriz brasileira.
- A importância do petróleo decorre não apenas de sua participação na produção de energia, mas por todos os seus produtos derivados: indústria química, fertilizantes, plásticos, etc.
- O petróleo é fundamental para o desenvolvimento e a segurança econômica, energética e militar das nações - é condição essencial para a SOBERANIA NACIONAL.
- Das trinta maiores companhias petroleiras do mundo, 22 são estatais!
- Se somarmos o faturamento anual dessas empresas, o valor ultrapassa 3,125 trilhões (TRI!) de dólares!

- Mesmo com os avanços do neolibelismo, a participação das estatais continua a aumentar. Em 2010, 90% da produção mundial de petróleo era efetuada pelas empresas nacionais - 82,1 milhões de barris por dia!
- Em comparação, as "majors" - as cinco maiores empresas privadas do setor: Shell, Exxon-Mobil, BP, Total e Chevron - produziam apenas 8,4 milhões de barris/dia.

- A indústria do petróleo emprega tecnologia sofisticada, demanda grande infraestrutura para exploração, produção, refino, logística... É um negócio que só dá retorno a longo prazo.
- Tecnologia é o mais importante fator da cadeia produtiva de petróleo.
- Hélio Beltrão, ex-presidente da Petrobras, costumava afirmar: “a verdadeira independência é a tecnológica. Quem tem tecnologia lidera, é protagonista. Quem não tem é coadjuvante, dominado”.
- Abandonar a política de conteúdo local é abandonar um programa de décadas para valorizar a indústria e os cérebros brasileiros. É deixar de gerar empregos no Brasil para gerar empregos na Coreia ou na China!

- Vargas quis criar a liberdade nacional através da Petrobras. Pagou com a vida.
- A Petrobras foi criada para exercer o MONOPÓLIO ESTATAL do petróleo.
- FHC, em 1995, "flexibilizou" o monopólio com a criação do sistema de concessões, administrado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
- Em 2006, com a descoberta do pré-sal (assista na TV Afiada a entrevista com o geólogo Guilherme Estrella, o herói nacional que descobriu as reservas), foi estabelecido o regime de partilha: a Petrobras era a OPERADORA ÚNICA em todos os consórcios formados para a exploração das jazidas.
- O que isso significa? A OPERADORA ÚNICA controla todas as operações, elabora os projetos, cuida das instalações e opera os fluxos de petróleo e gás. Outras empresas entram com participações nos investimentos e usufruem proporcionalmente dos resultados.
- A Lei 13.365 de 2016, de autoria do careca José Serra, o maior dos ladrões, retirou da Petrobras a condição de operadora única do pré-sal - o que gera enormes prejuízos para a economia brasileira e cede as jazidas às "majors".
- Serra fez com que o Brasil abrisse mão de explorar 176 bilhões de barris de petróleo, que colocariam o país como detentor da quinta maior reserva mundial!

- É necessário punir os culpados pelos casos de corrupção na Petrobras - mas não a empresa e seus trabalhadores!
- A atual administração da Petrobras, liderada por Pedro Malan Parente, é composta por executivos neolibelistas que cometem erros e mais erros.
- Não faz sentido reduzir a participação da Petrobras no segmento de gás natural, ou abandonar a área petroquímica. Ou sair do setor de biocombustíveis!
- O programa de "desinvestimentos" - a venda de setores e subsidiárias da Petrobras - é equivocado e entreguista!
- A privatifaria é desnecessária, irregular, ilegal e desnacionalizante! Entrega o patrimônio nacional ao capital estrangeiro!
- E a preço de banana!
- As privatizações debilitam a Petrobras. E debilitar a Petrobras é debilitar o futuro do Brasil. É um ataque à segurança energética e à soberania nacional!
- E prejudicam também o consumidor: o preço do combustível e dos derivados de petróleo sobem!

- Mesmo sob tantos ataques, a Petrobras não está falida: é a maior empresa brasileira e a décima maior petrolífera do mundo!
- Em 2016, superou seu record anual de produção.
- No período 2009/2016, com exceção do ano de 2012, a empresa sempre apresentou um saldo de caixa superior a 15 bilhões de dólares.
- A dívida da Petrobras não significa que ela está quebrada - mas, sim, que ela possui grandes projetos. Projetos que aumentam o caixa, os lucros futuros, geram emprego, renda e desenvolvimento tecnológico.

- O Brasil tem tudo para se tornar uma POTÊNCIA ENERGÉTICA MUNDIAL.
- Entretanto, isso não depende apenas dos recursos abundantes de que dispomos. Passa pela VONTADE NACIONAL de construir um país RICO, JUSTO, DEMOCRÁTICO e SOBERANO.

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