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Piketty: desigualdade no Brasil é maior que a da Europa no século XIX

PT fez muito, mas não pensou na taxação progressiva
publicado 17/07/2020
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O economista francês Thomas Piketty, que lança seu novo livro, “Capital e Ideologia”, concedeu longa entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta sexta-feira 17/VII.

O Conversa Afiada destaca alguns trechos:

- A despeito do aumento da desigualdade nas décadas recentes, se compararmos a situação de hoje com a de cem anos atrás, ou com o século 19, a desigualdade é bem menor do que antes. Uma das exceções é o Brasil, onde a desigualdade ainda é muito grande, maior até do que na Europa do século 19 ou do começo do século 20 (...) No contexto atual, talvez seja o caso de pensarmos em soluções mais globais para questões como a desigualdade;

- O primeiro impacto do coronavírus será o de um aumento da desigualdade entre os países e dentro deles também. Os países ricos provavelmente ficarão até mais obcecados com eles mesmos, sem se preocupar realmente com o que está acontecendo com outras regiões. E muitos dos países mais pobres não têm sistemas de proteção ou renda básica e serão afetados de uma maneira mais sinistra;

- Os países poderiam fazer mais, e países como o Brasil deveriam pensar em uma reforma tributária progressiva sem esperar pelo resto do mundo. Mas, claramente, com o fluxo internacional de capitais que temos no mundo hoje, sem uma taxação comum entre os países, e com a atual uma opacidade completa, fica muito difícil para os países pobres aumentarem individualmente os impostos sobre os ricos —e eles acabam recaindo sobre os mais pobres e as classes médias;

- Espero que as pessoas que votaram em Bolsonaro e contra o PT consigam agora mudar a sua visão de mundo. Não sou muito otimista quanto a isso, mas algumas vezes na história vimos inclusive governos de direita mudando radicalmente de posicionamento e plataforma diante de pressões sociais. Se olharmos para o que o PT fez no Brasil, houve boas políticas para melhorar a situação dos 50% mais pobres, sobretudo com a política de aumentos reais para o salário mínimo e o Bolsa Família. Mas ficaram faltando as reformas estruturais, como uma modificação no sistema tributário no sentido de uma taxação mais progressiva;