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Pai do pré-sal quer que a Dilma vete

Estrella participou ao lado da Presidenta da política para a Petrobras no Governo Lula
publicado 02/03/2016
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O ex-diretor da Petrobras e geólogo, Guilherme Estrella, afirmou esperar que a Presidenta Dilma Rousseff vete o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que acaba com a obrigatoriedade legal da estatal ter participação mínima de 30% em todos as áreas do pré-sal.

O projeto foi aprovado no Senado, na noite da última quarta feira (24), por 40 votos a favor e 26 contrários. A versão aprovada foi um acordo entre o Governo, Renan Calheiros (PMDB-AL)e José Serra.

Na entrevista que concedeu ao Estadão, Estrella lembrou que a Presidenta era a coordenadora do grupo de trabalho sobre o pré-sal, já que foi ministra de Minas e Energia, e participou desde o inicio da política para a Petrobras.

Estrella trabalhou na estatal por mais de 40 anos, quando exerceu vários cargos no Brasil e no exterior. De 2003 a 2012, foi diretor de exploração e produção da petroleira. Foi neste período que a Petrobras e o Governo Federal divulgaram as informações sobre as imensas reservas brasileiras de petróleo e gás em águas profundas, o que valeu a Estrella a designação de "descobridor do pré-sal" ou "pai do pré-sal".

Ao Estadão desta quinta-feira (2):

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,as-multis-so-querem-ficar-com-o-file-mignon,10000019090

(...)

Como é essa história?

Cheguei lá (na diretoria) em 2003 e a Petrobrás estava concentrada na Bacia de Campos. Espalhamos as sondas. Na primeira licitação que participei, perdemos um bloco. Cinco minutos depois, toca o telefone. Era a ministra de Minas e Energia (Dilma Rousseff). Ela disse: estou sabendo que a Petrobrás perdeu um bloco. Eu comecei a dar explicações. Ela respondeu: só quero pedir que esse fato não se repita. O recado era: todas as áreas que a Petrobrás tem interesse, tem de ganhar.


O sr. participou da formulação do marco do pré-sal?

Eu só disse ao governo: é um fato novo. Constituiu-se um grupo de trabalho, coordenado pela ministra de Minas e Energia (Dilma). Sou testemunha de como o pré-sal foi discutido até chegar ao texto central que instituiu o regime de partilha, a formação da PPSA (Pré-sal Petróleo SA) e a Petrobrás como operadora única. Foi mais de um ano de discussão. Houve muitos depoimentos contrários.

Qual era a posição da então ministra Dilma?

A Dilma era coordenadora (do grupo de trabalho). Ela deixava discutir. Foi construindo a opinião na cabeça dela, informando ao presidente e aí chegou-se ao texto final. Foi uma construção democrática, que posicionou a Petrobrás como operadora, que conduz o negócio e tem o sentimento de propriedade. É emblemático que seja a presidente Dilma a sancionar as mudanças (que acabam com a obrigatoriedade de a Petrobrás participar de todos os blocos), nove anos após defender o marco? Democracia é isso mesmo. Temos os poderes constituídos e o presidente tem a função de harmonizá-los. As circunstâncias mudam. O presidente tem a capacidade, o direito de vetar. Não sei como ela vai agir.

O senhor acha que ela veta?

Pessoalmente, prefiro que ela vete. Isso é de tal forma importante que, na minha visão, como cidadão, devemos retornar ao Congresso para, com um voto mais qualificado, apreciar o veto presidencial.
(...)