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Lula: embaixador dos EUA deveria se calar e pedir desculpas ao Brasil

Mas o Brasil de Bolsonaro não preza pela soberania
publicado 29/07/2020
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O presidente Lula foi às redes sociais nesta quarta-feira 29/VII para comentar as ameaças feitas ao Brasil pelo embaixador estadunidense Todd Chapman, que lançou um ultimato ao Brasil em torno da tecnologia 5G: ou bane a chinesa Huawei, ou sofrerá consequências.

"Em qualquer governo que preza pela soberania, um embaixador que falasse o que falou o embaixador dos EUA sobre a disputa do 5G no Brasil seria convidado a se calar e pedir desculpas. No caso do Brasil atual parece que o Bolsonaro não se faz respeitar pelo embaixador americano", disse Lula.

As ameaças

Diante da absoluta submissão de Jair Bolsonaro a Donald Trump, o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, lançou uma ameaça ao Brasil e deixou claro que o país não terá direito de escolher suas parcerias para o desenvolvimento da rede 5G.

"É uma tema bastante importante para o mundo. É a próxima geração de telecomunicações que será a base da revolução tecnológica que vai beneficiar a todos. Nosso interesse é que essa tecnologia seja usada para promoção de atividades econômicas, avanço da sociedade e para o bem de nossos princípios, como a democracia. E que essa tecnologia não seja usada para reprimir a sociedade, como estamos vendo em vários regimes autoritários no mundo. A tecnologia deve liberar e não reprimir as pessoas. É importante que os fornecedores de um produto tão sensível tenham os mesmos princípios que você. Por isso, a posição dos EUA e nosso alerta para nossos amigos e aliados, como o Brasil, é saber com quem se está trabalhando. Nós já sabemos que Huawei e outras empresas da China, como a ZTE, têm a obrigação, por lei, de entregar toda a informação que passa por elas. Trata-se da segurança nacional dos Estados", disse Chapman em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira 29/VII.

"A seleção de fornecedores do 5G não é para nós uma questão comercial. Nós não temos uma empresa puramente americana que esteja competindo. Isso não é para ganhar US$ 1 bilhão. É um assunto de segurança nacional. Muitos países já decidiram excluir a Huawei por questão de segurança, como Austrália, Japão e Inglaterra, por exemplo. E esse número é crescente porque mais pessoas estão fazendo a mesma análise, vendo o comportamento da Huawei de roubar propriedade intelectual. A Inglaterra disse que vai tirar tudo da Huawei de seu sistema nos próximos anos. E isso vai custar um pouco de dinheiro, mas não tanto como as pessoas estão falando. Na Europa, para substituir todo o equipamento da Huawei em 5G serão US$ 3,5 bilhões. São US$ 7 por usuário", prosseguiu.

Quando questionado se o Brasil sofrerá represálias se permitir o uso da Huawei para implementar o 5G, Chapman fez uma ameaça velada: "eu diria que represálias não, consequências sim. Cada país é responsável por suas decisões. As consequências que estamos vendo no mundo é que há um receio de empresas que estão baseadas na propriedade intelectual de fazer investimentos em países onde essa propriedade intelectual não seja protegida."