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Grana do Meirelles rende o dobro da Selic!

Fundo rendeu 32% desde que assumiu o ministério
publicado 27/07/2017
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Do Buzzfeed:

Investimentos de Henrique Meirelles renderam mais que o dobro da Selic após ele assumir Fazenda


O fundo que administra uma parte da fortuna do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, rendeu 32% desde maio de 2016, quando ele assumiu a pasta. Esse desempenho é mais que o dobro da Selic, a taxa básica de juros e referência para investimentos.

Como o BuzzFeed revelou, Henrique Meirelles recebeu R$ 217 milhões de distribuição de lucros de sua firma de consultoria, que prestava serviços a megaempresários.


Créditos: Nacho Doce/Reuters

De acordo com o ministro, ele usa um "blind trust" para administrar seus investimentos. Em outras, palavras, um gestor tem carta branca para escolher onde colocar o dinheiro e, segundo o ministro, ele não interfere nas decisões.

Da fortuna do ministro, cerca de R$ 50 milhões estão num fundo de investimento Brasil, o "Sagres Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior". Esse foi o valor de cotas que a empresa de Meirelles transferiu para ele em setembro de 2016.

Com o CNPJ do fundo, o BuzzFeed comparou os rendimentos da carteira em três serviços disponíveis nos site de corretoras.

Esse é o gráfico do desempenho do fundo desde 2012, comparado com um rendimento próximo com a Selic, a taxa básica de juros e principal referência nos títulos do tesouro.


Via verios.com.br

Os dados mostram o seguinte. Desde 2012, o fundo tinha rendimento similar a um de renda fixa, como um título do Tesouro com rendimentos da Selic. Houve, inclusive, um momento de rendimento negativo, entre agosto de 2015 e março de 2016.

Os ventos começaram a mudar em março, quando o governo Dilma já dava sinais de que estava perto do fim e o mercado financeiro entrava em viés de alta. Naquele mês, o impeachment avançou na Câmara, o ex-presidente Lula foi alvo de uma operação da Polícia Federal e sua nomeação para ministro da Casa Civil foi barrada.

Essa combinação de más notícias para o governo do PT representou otimismo no mercado de investimentos. Foi justamente nesse período que o fundo ligado a Henrique Meirelles começou a acelerar até se distanciar da Selic e decolar.

Aqui, está o rendimento do fundo desde 12 de maio de 2016, quando Meirelles assumiu o governo.


Em verde, o fundo ligado a Henrique Meirelles se distancia (e muito) da Selic. Via xpi.com.br.

Aqui está o rendimento da carteira entre 2012 e maio de 2016.


Reprodução: Buzzfeed

Em números, os serviços de comparação de fundos mostram um desempenho muito acima da média com Meirelles à frente. Quem investiu dede 12 de maio de 2016 a junho deste ano, teve o seguinte rendimento:

Renda fixas com rendimento próximo da Selic (101% do CDI) - 15%
Índice Ibovespa, da Bolsa de Valores - 18%
Fundo de investimento Sagres - 32%.


No mundo dos investimentos, a taxa de comparação é o CDI, similar à Selic do governo federal. Na ponta do lápis, o fundo rendeu 219% do CDI.


Distribuição

O ministro não esclareceu desde quando é cotista. De acordo com os registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), desde de junho de 2012 o fundo só tem um cotista pessoa física.

Até março deste ano, o gestor do fundo Sagres permitia à CVM divulgar a carteira de investimentos. Naquele mês, por exemplo, o fundo tinha cerca de R$ 20 milhões em cotas de outros fundos e R$ 47 milhões em títulos públicos.

Esse gráfico, produzido pela CVM, mostra a distribuição dos investimentos em maio de 2017, último mês disponível.


Reprodução: Buzzfeed

OUTRO LADO

Em nota, Henrique Meirelles disse que recebeu os valores em razão de consultoria prestadas a grandes empresas, como a J&F, Lazard e KKR.

O ministro ressalta que não tem interferência sobre seus investimentos:

"O ministro confia integralmente nas instituições financeiras brasileiras. O ministro aconselha investidores a deixar seus recursos no Brasil porque o país oferece melhores relações de risco/retorno.

Os recursos são administrados por gestor independente sem interferência do ministro, figura conhecida como blind trust, para evitar conflitos de interesse".
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