Economia

Você está aqui: Página Inicial / Economia / Banco do Messer: Bretas vai para cima do Daniel Dantas?

Banco do Messer: Bretas vai para cima do Daniel Dantas?

Será um Gilmar, Moro e Barbosa ou um De Sanctis?
publicado 17/05/2018
Comments
Entenda.jpg

Do blog do vencedor do troféu "Conexões Tigre", no Estadão:

MPF investiga 429 clientes do banco de Dario Messer


A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, investiga uma lista com 429 clientes do banco Evergreen (EVG), controlado pelo doleiro Dario Messer, em Antígua e Barbuda, até meados de 2013. Da relação, constam 119 offshores e 145 contas de pessoas físicas. São empresários, doleiros, esportistas, nomes ligados a políticos, servidores públicos e personagens de casos recentes de corrupção.

A lista, à qual o Estado teve acesso, foi entregue pelos doleiros Vinicius Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Barboza, o “Tony”, que atuavam para Messer a partir do Uruguai. Os dois são delatores da Operação Câmbio, desligo, deflagrada no dia 3 de maio pela Polícia Federal.

O Ministério Público Federal quer identificar quais clientes do banco têm relação com casos de corrupção, quais sonegaram recursos e, ainda, aqueles que mantinham valores fora do País de forma regular.

Em relatório ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal do Rio – responsável por autorizar a operação da PF –, os procuradores afirmam que “muitas contas” foram abertas na instituição “em nome de familiares ou terceiros”. Segundo os investigadores, o “banco EVG tinha como escopo a lavagem de dinheiro por meio da ocultação patrimonial de bens de seus clientes”.

Messer é considerado o “doleiro dos doleiros”. Ele foi alvo de mandado de prisão expedido por Bretas, mas permanecia foragido e foi incluído no alerta vermelho da Interpol.

Conforme as investigações, Messer mantinha sociedade no banco com Enrico Machado. “Em 2012, Messer se desentendeu com Enrico, rompendo sua sociedade com ele não só no Uruguai, como também no banco mantido em Antígua”, relatou o Ministério Público Federal.

A lista de clientes do banco de Messer reforça a versão dos investigadores de que a instituição financeira era utilizada para mascarar clientes do doleiro e lavar dinheiro. Entre os “correntistas” do EVG estão pelo menos dez doleiros que se valiam de sistemas de movimentação de dólares e reais e tinham a família Messer como garantidores das transações.

Na lista dos que mantinham contas no banco estão os irmãos Chebar, responsáveis por levar a Lava Jato até o grupo de Messer. Os delatores Renato e Marcelo Chebar aparecem vinculados a pelo menos três offshores: Blue Stream Investments 1, Blue Stream Investments 2 e Matlock Capital Group.

Os Chebar foram os primeiros a relatar como Messer atuava como “doleiro dos doleiros”, garantindo moeda para operações transnacionais. Segundo eles, após Sérgio Cabral (MDB) assumir o governo do Rio, em 2007, a movimentação de valores ilegais atingiu uma escala tão grande que foi necessário acionar o esquema de Messer.

Fundos de pensão. Personagens de outras investigações estão na lista de clientes do banco. Uma das offshores com conta no EVG, a Phoenix C.V. está atrelada a Christian de Almeida Rego e a Roberto de Almeida Rego. Christian foi ouvido em 9 de fevereiro de 2006 na CPI Mista dos Correios. Ele era suspeito de praticar operações fraudulentas com fundos de pensão patrocinados por estatais.

O ex-diretor da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) João Bosco Madeiro da Costa está na lista de clientes do EVG, ligado à offshore Frodsham SA. Em agosto de 2013, Madeiro da Costa, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato – condenador no mensalão – e outros quatro investigados foram absolvidos pela Justiça Federal do Rio por crime contra o sistema financeiro. Os ex-dirigentes foram acusados por gestão temerária do fundo de pensão do Banco do Brasil.

Em dezembro daquele ano, a Procuradoria Regional da República da 2.ª Região se manifestou contrária à absolvição. Os procuradores atribuem aos ex-dirigentes crime cometido na aplicação de R$ 150 milhões da Previ no fundo CVC/Opportunity para o leilão de privatização da Telebrás, em 1998. (...)