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Autópsia de Lemann, o lucropata

Maria Cristina disseca um ídolo da teologia “danem-se a empresa e os empregados”
publicado 16/03/2019
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Warren (E) e Lemann morrem de rir dos consumidores e empregados (Reprodução/YouTube)

Do GGN, de Luis Nassif:

A jornalista Maria Cristina Fernandes publicou no Valor desta sexta (15) um artigo mostrando que a perda de 40% do valor de mercado da Kraft-Heinz, após aquisição pelos brasileiros da 3G Capital, não é limitada à crise com o consumidor. Há indícios de que a nova gestão é responsável, ao menos na visão de funcionários e ex-funcionários, pelo desastre que já gerou prejuízo e quase 3 bilhões de dólares.

A Kraft-Heinz é o nome da sociedade resultante da fusão da Kraft Foods com a Heinz. A fusão foi suportada pela 3G Capital e a Berkshire Hathaway.

Há evidências de que, há anos, funcionários da Kraft-Heinz sabem de problemas de gestão que ajudaram na derrocada da empresa.

“Um extrato restrito às avaliações escritas ao longo dos últimos 12 meses mostra que os funcionários há muito já sabiam aquilo que Warren Buffett, dono da Berkshire Hathaway, divulgou na carta a investidores no fim de fevereiro.”

No texto, Buffett reclama que “pago muito caro” pela associação com a 3G Capital para a aquisição da Kraft-Heinz, em 2015.

Em dois anos, Buffett perdeu quase 2,7 bilhões de dólares apenas com a desvalorização do investimento feito a 3G de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Os analistas de mercado atribuíram a crise à “concorrência”, que teria avançado com seus produtos orgânicos e deixado os itens da Kraft-Heinz – os carro-chefe Philadelphia Cream Cheese, Sonho de Valsa e Macaroni&Cheese – para trás.

Mas as evidências deixadas por ex-funcionários no Glassdoor (site que registra avaliações sobre empresas) dão conta de que a crise “vai além do descompasso com o mercado consumidor”.

“As queixas vão da ausência de laptops adequados a uma cultura empresarial mais focada no “orçamento base-zero” do que na colaboração entre os funcionários para o desenvolvimento do negócio. A 3G fez fama pela tesoura. O orçamento de cada ano não leva em consideração os gastos do exercício anterior. Cada centavo deve ser justificado, preferencialmente, em patamares mais baixo do que aqueles previamente feitos – de despesas com papel às viagens.”

Mais: o agravamento dos problemas são atribuídos muitas vezes à chegada dos investidores brasileiros, classificados por analistas internos como “um time unicamente focado numa gestão barata”.

Há ainda a informação de que Bernardo Hess, gestor da Kraft-Heinz e ao mesmo tempo investidor da 3G, dá “prioridade à remuneração do capital em detrimento da empresa”.

A 3G é acusada também de replicar na Kraft-Heinz um modelo de gestão financeira inspirada na GE, mas que faliu.

Trocando em miúdos: ao atribuir a crise apenas ao mercado consumidor, a Kraft-Heinz não enxerga as mudanças que fez no ambiente de trabalho, tolhendo a atmosfera “propícia a inovações”.

Por essas e outras, a Kraft-Heinz teria perdido 40% do valor de mercado em 2 anos.

“Numa cultura empresarial como a do negócio do 3G que, na avaliação de seus funcionários, foca mais a meta individual do que a colaboração, uma guinada para absorver as novas tendências do mercado de consumo custará a motivar o esforço – e a imaginação – coletiva.”

Leia o artigo completo aqui.

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