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Por que o Padilha não vai ver o Bardem ?

O filme “Biutiful”, de Alejandro González Iñárritu é espetacular
publicado 27/01/2011
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O Padilha do “Tropa de Elite”, segundo este ordinário e ansioso blogueiro, está para o autoritarismo brasileiro assim como a Leni Riefenstahl esteve para o Nazismo: o cinema como agente da Força, da porrada !

Ele faz esses filmes a que a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo) assiste antes de ir jantar no Fasano.

Este blogueiro também considera que o Padilha é o “demagogo de filme de ação”.

Um amigo navegante achou outra definição melhor: ele é o Datena (*) do cinema nacional. (**)

Este ordinário blogueiro já sugeriu que o Padilha volte ao Alemão.

Vá lá em cima, à laje em que botaram fogo no  Tim Lopes.

Só para testar a honestidade intelectual dele.

Agora, este ordinário blogueiro faz outra sugestão: Padilha, vai ver o Bardem

O filme “Biutiful”, de Alejandro González Iñárritu é espetacular.

O tema é a miséria e a criminalidade que cercam os imigrantes ilegais em Barcelona.

Javier Bardem é um Oliver Twist adulto, doente terminal de um câncer de próstata que saiu da cápsula.

Ele é um “gato”, um agenciador dos “novos escravos” – trabalhadores chineses e africanos – da nova globalização, nessa transição da hegemonia americana para a chinesa.

Salve-se quem puder !

González mete a mão no câncer.

E entra nas vísceras de um ser humano fascinante, o Uxbal de Bardem.

Em duas horas e meia ele constrói esse personagem como se tivesse mil páginas de Dickens.

Padilha já fez dois filmes de “elite” e tudo o que conseguiu construir foi um personagem estereotipado, o Capitão Nascimento, visivelmente maluco.

Se o Padilha subisse ao Alemão munido de 21 gramas de Iñárritu, aí, sim, faria um filmaço.

Com toda essa tecnologia de vídeo-game que os publicitários aprendem no computador.

Com uma vantagem.

O Wagner Moura, aquele de um Hamlet memorável, dá de 10 Oscars a zero no Bardem.

(As patricinhas da primeira fila que me perdoem.)

 

Paulo Henrique Amorim

 

(*) Na polêmica com o Ronaldo dito Fenômeno, o Datena tem toda a razão: o Ronaldo é um puxa-saco da Globo e do Cala a Boca, Galvão.

(**) Outro amigo navegante, fã incondicional do Padilha, sugere que ele abra uma boutique na Daslu para vender boné, camiseta e sapatenis com o logo “tropa de elite”.