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Witzel quer transformar escolas em alvo!

"É um escândalo" diz coordenadora-geral do Sepe-RJ
publicado 31/08/2019
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Em 2018, militares revistaram mochilas de crianças em operação em favela na zona norte do Rio de Janeiro. (Foto: Leo Correa/AP)

Do Globo Overseas:

Plano de Witzel de colocar policiais em escolas durante ações divide opiniões de sindicato e especialista

O governador Wilson Witzel afirmou nesta sexta-feira que planeja colocar PMs dentro de escolas públicas durante operações em comunidades do Rio . A ideia é que os policiais mostrem a alunos e professores como se protegerem, se houver confrontos nas proximidades, e dividiu opiniões.

— A medida será implementada o mais rapidamente possível, mas precisa, antes, ser aprovada pelo conselho de segurança — disse o governador, referindo-se ao grupo formado por representantes das polícias Civil e Militar, do Ministério Público e da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, entre outros.

Sem dar detalhes, Witzel acrescentou que o procedimento fará parte de um plano de segurança que vem sendo elaborado pelo estado. Um integrante do governo também falou sobre a iniciativa:

— No momento da operação, um policial, que passará por treinamento específico, será destacado para orientar e passar tranquilidade à comunidade escolar.

Opiniões divergentes

A ideia foi anunciada durante uma reunião no Palácio Guanabara que teve a segurança pública como tema. Para Izabel Costa, coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro(Sepe-RJ), o plano do governador “é um escândalo”.

— O sindicato tem uma posição muito clara em relação a isso. É um escândalo, porque a iniciativa não resolverá a situação das escolas. Tememos que que esse tipo de ação acirre ainda mais os conflitos e torne unidades de ensino alvos preferenciais durante os confrontos — afirmou Izabel. — As escolas já possuem procedimentos de segurança, que, infelizmente, foram obrigadas a adotar durante os últimos anos, marcados pelo abandono. O que precisamos é resolver os conflitos que ocorrem nas comunidades, não de uma política de segurança que piore a situação.

“É um escândalo. Precisamos resolver os conflitos que ocorrem nas comunidades, não de uma política de segurança que piore a situação”

Integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o tenente-coronel Diógenes Viegas Dalle Lucca, ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar de São Paulo, acha que o projeto de Witzel é positivo.

— É uma questão complexa, mas considero a medida muito adequada. É uma iniciativa para preservar vidas diante da tarefa da polícia de enfrentar criminosos. Claro que o ideal seria que não tivéssemos operações, mas, por outro lado, o poder público não pode se omitir — argumentou Lucca. — Esse tipo de ação já é adotado nos Estados Unidos, onde a população sofre com casos de atiradores. Policiais vão às escolas e ensinam as melhores maneiras de se proteger em situações de crise. Nas comunidades do Rio existe a ditadura do fuzil, mas devemos lembrar sempre que há muita gente de bem, que precisa de uma atenção especial. Quem está dentro de uma escola acaba ficando exposto a riscos, e merece contar com a ajuda e a orientação de um policial.

Em abril, o governo do estado lançou o Programa Cuidar, que aloca reservistas das Forças Armadas dentro de escolas durante todo o período letivo. Na ocasião, o secretário de Educação, Pedro Fernandes, afirmou que a intenção era promover uma aproximação entre a comunidade escolar e agentes de segurança, e disse que a medida só seria implementada nas unidades que a solicitassem.

“É uma iniciativa para preservar vidas diante da tarefa da polícia de enfrentar criminosos”

Desde maio, a Polícia Civil tem feito operações com helicópteros em comunidades, elevando a tensão em escolas como o Ciep 122, no Jardim Miriambi, em São Gonçalo. Alunos e professores se assustaram com os rasantes de uma aeronave e se deitaram no chão de corredores para se proteger.

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